Revista da ESPM_MAR-ABR_2012

m a r ç o / a b r i l d e 2 0 1 2 – R e v i s t a d a E S P M 123 ganhadores de Prêmios Nobel, acadêmicos, economistas e psicólogos, representantes da sociedade civil e líderes religiosos. Abrindo o evento, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ressaltou a necessi- dade de uma nova economia em prol da sustentabilidade. “O Produto Interno Bruto (PIB) tem sido há muito tempo a métrica pela qual as economias e os políticos têm sido avaliados. Mas, mesmo assim, o PIB não leva em consideração os custos sociais e ambientais do assim chamado progresso. Precisamos de um novo paradigma econô- mico que reconheça a paridade entre os três pilares do desenvolvimento sustentável: bem-estar social, econômico e ambiental, que são indissociáveis. Os três definem a Felicidade Global Bruta”, disse Ban Ki-moon. O secretário-geral também enfatizou que o desenvolvimento sustentável está intrinse- camente ligado à felicidade e ao bem-estar, e assinalou que a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentá- vel, conhecida como Rio+20, a ser realizada no Rio de Janeiro em junho, precisará gerar um desfecho que reflita esse conceito. O evento em Nova York foi convocado pelo primeiro ministro do Butão, o país no Himalaia que nos anos de 1970 introduziu uma nova forma de avaliar a prosperidade nacional, focando no bem-estar dos seus cidadãos, juntamente com a produtividade econômica – a Felicidade Interna Bruta (FIB). O indicador FIB mede o progesso em nove dimensões, todas diretamente associadas com o bem-estar humano: vi- talidade comunitária; proteção ambiental; acesso à cultura; gestão equilibrada do tempo; bom padrão de v ida econômica; boa governança; educação de qualidade; boa saúde; e bem-estar psicológico. Nos anos mais recentes tem havido um crescente interesse a respeito desse con- ceito, com a Assembleia Geral da ONU, em julho 2011, conv idando os Estados- membros “a buscar métricas adicionais de felicidade e bem-estar para orientar suas políticas públicas”. Atualmente, diversos países, como Ca- nadá, França, Austrália, Tailândia, Japão, Reino Unido e EUA, estão fazendo jus- tamente isso. Um painel de especialistas em psicolog ia e economia, incluindo o ganhador do prêmio Nobel, Daniel Kah- neman, foi convocado pelo Departamento Americano de Saúde e Serviços Humanos para desenvolver uma métrica de “bem- estar subjetivo” para a nação. Disse Robert F. Kennedy, em 1968: “Nosso PIB, caso fôssemos julgar os EUA por ele, contabi- lizaria como ganho a poluição do ar e a propaganda de cigarros, as ambulâncias para evacuar das autoestradas os corpos dos acidentados... Mede tudo, em suma, exceto aquilo que faz a vida valer a pena”. Em 2008, o presidente francês Nicolas Sarko- zy convocou uma comissão de notáveis, incluindo dois ganhadores de prêmio No- bel, Joseph Stiglitz e Amartya Sen, a qual concluiu que “é chegada a hora de o nosso sistema de mensuração mudar da ênfase na medição da produção econômica para a apuração do bem-estar das pessoas”. Mais recentemente, o primeiro ministro do Reino Unido, David Cameron, salientou: “Men- surar o bem-estar das pessoas é uma das questões políticas centrais do nosso tempo”. Como disse Joseph Stiglitz, que também estava na Conferência na ONU: “Você só consegue ter aquilo que mede”. No Brasil, esse modelo de FIB já foi aplicado em cidades, comunidades, empresas e esco- las, e uma das maiores delegações nacionais à conferência na ONU foi justamente a dos brasileiros. O processo FIB no Brasil não é somente um novo indicador para o progres-

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