Revista da ESPM_MAR-ABR_2012

m a r ç o / a b r i l d e 2 0 1 2 – R e v i s t a d a E S P M 29 a expansão da “cultura rentista” es- tabelece uma relação indesejada de subordinação do capital produtivo ao capital financeiro, o que põe em risco a pro- dução de bens e serviços numa conjuntura internacional de expansão das suas respec- tivas demandas. O segundo fenômeno econômico trazido pela globalização é a troca de posições entre as principais economias do mundo, pois, nos quatro últimos anos, as economias dos países em desenvolvimento cresceram mais do que as economias dos países desenvolvidos, com destaque absoluto para o avanço chinês. Houve trocas importantes de posição, com a economia chinesa tomando o segundo lugar da economia japonesa e a economia brasileira arrebatando o sexto lugar da economia inglesa. A China é sem dúvida o país que melhor en- tendeu as possibilidades da nova ordem eco- nômica globalizada, ainda no final da década de 1980, e estabeleceu uma estratégia de ação que logrou estrondoso sucesso, em termos de crescimento econômico. Antevendo a enorme expansão que o comércio mundial começava a esboçar, mas sem o capital e a tecnologia necessários para viabilizar seu crescimento, os chineses transformaram sua nação na melhor plataforma de exportação do mundo, indiretamente, em busca de lucros grandes e riscos pequenos. Uma comunidade em ex- pansão e que forma uma imensa rede de in- teresses cruzados e interligados espalhados pelo planeta, o que pode trazer três grandes perigos potenciais para a estabilidade eco- nômica mundial: a grande mobilidade dos capitais fi- nanceiros e o seu imenso e crescente montante colocam em risco toda e qualquer política econômica implementada pelos governos dos países. De acordo com os interesses dos investidores, vultosas somas de capital podem entrar e/ou sair abrupta- mente das nações, causando grandes dese- quilíbrios nas suas economias. Com efeito, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tentou alertar o G7, já na década de 90, sobre o perigo potencial que esta livre circulação de capitais criava para as economias dos paí- ses. Atualmente, a economia americana, por exemplo, vem tendo dificuldades de se recu- perar da grave crise iniciada em 2008, apesar das maciças injeções de moeda em circulação, ou seja, política monetária expansionista, em parte porque muitos investidores financeiros preferiram retirar o capital do território ame- ricano em busca de melhores rentabilidades, inclusive no Brasil. a interligação e o cruzamento dos investimentos disponibilizados pelo sistema financeiro ampliam e dão agi- lidade à distribuição dos prejuízos quando eles acontecem. Tal característica originou as várias crises sistêmicas globais dos últimos 15 anos, sendo a razão das significativas perdas na Europa e na Ásia ocorridas na crise bancá- ria de 2008, apesar de iniciada nos EUA, pois boa parte dos investimentos perdidos naquele país pertencia a investidores daquelas regiões. Ressalte-se que ela, do mesmo modo, é uma das origens da atual crise europeia. Risco é a variação da rentabilidade de um investimento. Muitos fatores podem influen- ciar no tamanho do risco. A rentabilidade está ligada diretamente ao risco, já que o ganho está atrelado ao quanto o investidor se dispõe a investir e a se arriscar Koya979

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