Revista da ESPM_MAR-ABR_2012
que se irradiou pelo mundo a partir dos anos de 1970-1980. A experiência chinesa mescla a reela- boraçãodo legadocivilizacional doantigo Império doMeio, a realização de uma grande NEP (Nova Política Econômica), aclimatada ao país oriental e a assimilação de traços do capitalismo emexperi- ências tantodo“modeloasiático”quantodepaíses ocidentais (PAUTASSO, 2008, p. 44). Dessa forma, o desenvolvimento é o ponto de fusão entre o socialismo com características chinesas e o projeto nacional chinês (JABBOUR, 2010, p. 117). E o governo da China sabe que não há desenvolvimento sem ummisto de pro- teção, subsídio e regulamentação. Isso desde o “Relatório sobre a Manufatura”, de Alexander Hamilton (primeiro secretário do Tesouro dos EUA), passando pela arrancada alemã e japone- sa entre o final do século XIX e o terceiro quartel do século XX (CHANG, 2009, p. 59). Nesse sentido, a experiência chinesa está à procura não somente da forma político-institucional, como também do conteúdo econômico-social. Não se trata de um futuro sem contradições, como apontaram certas leituras escatológicas do marxismo, baseadas na suposição da extinção do aparelho estatal, do mercado etc. (LOSURDO, 2004, p. 79-160). Mas de umprojeto bastante complexo voltado a criar alternativas às contradições do capitalismo, potencializando as conquistas da revolução tecnológica em curso, e, especialmente, a re- cuperar o desenvolvimento chinês a partir dos elementos de uma sólida civilização. Por isso, enquanto se vaticina a abertura da conta de capitais, a sobreacumulação de capital, a crise do setor financeiro, o espiral inflacionário etc., o governo chinês consolida suas políticas de longo prazo e mantém seu desempenho, com crise financeira nos EUA (2008), ou crise de endividamento europeia (2010-12). Assim, aquilo que parece anomalia para o mainstream do pensamento, ou seja, planejamento estatal a partir do controle dos instrumentos cruciais de acumulação – o que inclui formação de oligopólios estatais, controle macroeconômico com câmbio des- valorizado e abundância de crédito a juros baixos – é justamente o núcleo do exitoso projeto chinês (JABBOUR, 2012). INFOGRAFIA: Gustavo Valdivia. FONTE: CIA (www.cia.gov)/ano base: 2011
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