Revista da ESPM_MAR-ABR_2012

Os países da Zona do Euro, por sua vez, espe- ram e atrelam seus vagões à locomotiva alemã e submeteram suas economias a um euro cuja valorização é proporcional à obsessão do Banco Central Europeu (BCE), pela ameaça de inflação. O cenário torna-se mais complexo à medida que, por outra parte, os países periféricos da União Europeia (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha) precisam de um enfraquecimento do euro para restabelecer sua competitividade. Enquanto espera que o espectro de uma guerra cambial se atenue, onde cada país emprega, sem se preocupar com os demais ( Mitos e verdades da Guerra Cambial , Laurent Jacques, Le Monde Diplomatique Brasil, dezembro 2010, p. 13). Paraofilósofo italianoGiorgioAgamben, “ ademo- cracia contemporânea é uma democracia inteiramente fundada na glória, ou seja, na eficácia da aclamação, multiplicada e determinada pela mídia, além do que se possa imaginar ” ( OReino e a glória – as conexões entre o poder “secularizado” e o discurso teológico , de G. Agamben, Editora Boitempo, 2011, p. 278). Esta aclamação e a glória acabam com a sobe- rania dos Estados (ver a Grécia), a Itália com a imposição de um primeiro ministro técnico , ex-funcionário do BCE. Assim como o pesadelo em que se transformoua“PrimaveraÁrabe” (maisde 60%de desempregados entre jovens menores de 30 anos). RupturadoDireito Internacional, crian- do um espaço vazio segundo Jean Baudrillard. O 11 de setembro constitui uma ruptura radical, comachegadadoterroredocombategeneralizado ao terrorismo. Ruptura sobretudo das grandes mitologias do futuro (progresso, tecnociência e história) que haviam constituído o imaginário de toda uma cultura ocidental (mundial). Desse colapsovimossurgirinumeráveislendasreligiosas, políticas e a falsa lenda planetária da informática. A globalização não será suficiente em longo prazo, sem um ponto de fuga, pois não po- demos mais projetar um porvir radiante. É preciso mobilizar a consciência universal, já que é aparentemente impossível acreditar no triunfo do bem; a referência absoluta terá de ser encontrada no mal e em sua finalidade. Aqui ocorreuma autorrepolarizaçãodonacional-socialismo nos planos da política interna e da ideologia do totalitarismo ascendente da revo- lução étnico-racial, na direção do totalitarismo hierarquicamente representado daquele Estado que, a partir de agora, confiaria crescentemente nos serviços da elite prestados pela SS. Nessa concentração cada vez mais intensa na técnica enquantodestinodestrutivodahumanidade,mas tambémcrescentemente como lugar do autodes- velamentodo ser, onde está uma razão central do fascínio continuado do pensamento heidegge- riano até os dias atuais. Naturalmente, podemos fazer especulações infinitas sobre sea suafilosofia também teria enveredado por esse caminho sem a proximidade do nacional-socialismo. No filme Dogville , Grace está fugindo do pai bandido e mergulhando no mundo real (apa- rentemente, porque temia por sua vida ou, mais precisamente, porque temia se tornar umapessoa como ele). Grace decide morar em Dogville, que termina por se provar receptiva demais ao dom que sua presença representa. A cidade começa a usá-la mais e mais, até que seu pai aparece e massacra todo mundo. Grace partiu com seu pai. Ela quer usar o poder (que lhe será dado), } Somos todos j udeus de- p o r t ado s e ma s s ac r ado s , mas também somos todos (vir- tualmente) responsávei s pela mesma culpabi l idade, somos todos membros da SS ~ J e an B audr i l l ard

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