Revista da ESPM_MAR-ABR_2012
Na reviravolta de Fukujama ementrevista à Folha de S.Paulo em 15/01/2012: “existe um déficit de- mocrático nos EUA que tema ver como poder do dinheiro e de grupos de interesse, de lobbies, cujo peso no sistema político é desproporcional em re- laçãoaosgrupos sociaisqueeles representam”.Na Europa emgeral, omaior problemanãoé emcada país, mas emnível europeu, uma vez que a tenta- tiva de integração resultou em instituições falhas, como a UniãoMonetária, mas sem união fiscal. Para o historiador britânico Timothy Garton Ash, diretor do Centro de Estudos Europeus da Uni- versidade de Oxford, essa exaltação dos ânimos é apenas o epifenômeno de um processo mais complexo de diferenciação do Ocidente Clássico, como o conhecemos até 2001 e que não mereceu até agora uma análise detalhada de sua história remota. Ash argumenta que esse espelhamento de autorrepresentações estereotipadas oculta a emergência de um “pós-Ocidente”. Essa visão é representadaentreoeurogaullismo,atravésdoeixo franco-alemão, na fantasia de uma Europa rival contra a Inglaterra, aliada incondicional dos EUA. Para Ash, a última chance de redefinir e ampliar o sentido da democracia e da liberdade nomun- do, combase nos valores comuns entre Estados Unidos e Europa, numa frente unida diante dos novos desafios do século, como: a miséria, a fome, o aquecimento global, a modernização do mundo árabe, o terrorismo, mas, sobretudo, a ascensão das novas potências asiáticas, em especial da China. “ O destino da civilização do Ocidente, o destino do homem, simplesmente, estão hoje ameaçados. Todos os viajantes, todos os estrangeiros que vivem há muito tempo no extremo Oriente nos afirmam: em dez anos os espíritos mu- darammais profundamente do que em dez séculos. A antiga e fácil submissão foi sucedida com uma hostilidade surda, e às vezes uma verdadeira raiva que só espera a hora propícia para passar à ação ” ( Da batalha das Termópilas ao 11 de setembro , de Alain Gresh, Le Monde Diplomatique Brasil, janeiro de 2009, p. 32). A Filosofia se contenta com o jogo de formas e de conteúdos, a fenomenologia contemporânea tratou de lidar com um sujeito instituinte e insti- tuído, de talmodo que, se o eu constitui, isto é, dá formaaomundoeaosoutros, ele temaindadedar conta tanto de sua própria identidade quanto da identidade do outro e domodo como este outro o identifica. Nessas condições, o sujeito se converte num campo de outros campos, isto é, de ordens de acontecimentos possíveis. Emparticular, visto que o outro sujeito surge para o seu dotado do mesmomovimentode se abrir paraumhorizonte indefinido, entre nós todos. A partir do momento em que uma moeda passa amediar as relações de compra e venda, essas re- lações adquiremuma objetividade que escapa do ato presente e até mesmo da memória imediata. Não vem a ser uma espécie de memória social e horizonte de ações futuras? Por isso essa instituição, como tantas outras, ga- nha, de um lado, uma realidade eminentemente temporal, pois a moeda não é apenas percebida, mas ainda apresenta gestos de trocas passadas e futuras. Daí resulta que os próprios trocadores não se constituam apenas como meros porta- dores passivos da estrutura de troca, mas, como acontece com outras identidades sociais, eles se dão como ausência a desenhar uma história que nada mais é do que a repetição dessa ausência. O que seria da moeda, instituição da troca, sem a representação de uma presença de alguémque, } (...) se insere um campo inter-subjet i vo ou s imból ico, aquele dos objet ivos cul turais, meio no qual estamos vivendo ~ M er l e au -P on t y m a r ç o / a b r i l d e 2 0 1 2 – R e v i s t a d a E S P M 77
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