Revista da ESPM_MAR-ABR_2012

m a r ç o / a b r i l d e 2 0 1 2 – R e v i s t a d a E S P M 99 } O que ter i a s i do do Bras i l sem o boom das commo- d i t i es de 2004 a 2010? ~ } Durante mu i tos anos o FMI era um feroz combatente de qua l - quer t i po de cont ro l e camb i a l e hoj e recomenda essa prát ica ~ que ele subiu de 48% para 55% e já está em 63% do total das exportações asiáticas. Essa é a grande questão. O Brasil tem de se preparar, competitivamente, para aquilo que eu chamaria de um “mundo pós-China”. Seria bom que nossa dependência de exportador de commodities se reduzisse em relação à China. Precisamos diversificar. GRACIOSO – Nesse futuro merca- do comum asiático, que está em preparação, ainda não se fala da Austrália – grande fornecedora de matérias-primas para esses países. OCTAVIO – Sem dúvida. Ela vende mais minério de ferro para a China do que o Brasil. ILAN – Como vamos lidar com essa questão? EDUARDO – O Brasil tem vantagens comparativas em termos de produ- ção. Temos um arranjo institucional voltado para pesquisa e inovação. Também somos líderes na área de biocombustíveis. Na questão do agronegócio, o Brasil está mais competitivo e diversificado. O país ainda apresenta 30% das expor- tações de soja e os chineses são nossos compradores. Ainda existe uma demanda por proteína animal e vegetal. Não vejo um impacto grande na agricultura nos próxi- mos anos. O Brasil vai continuar a ser um player de destaque, com su- perávits nessa área. Alguns setores estão investindo em campanhas de marketing. Os citricultores, por exemplo, estão usando as redes sociais da Inglaterra. É uma inovação, a indústria está indo da agricultura para o consumidor final e está muito bem preparada para adicionar valores. ILAN – De repente, dependemos de commodities. A conjuntura inter- nacional corre o risco de mudar. A China corre o risco de fechar e continuamos confiando na nossa capacidade de sermos competitivos em termos de commodities. Depen- der de commodities deixou de ser um problema? CRISTINA – Temos vantagens com- petitivas vastas. Mas não temos uma indústria de transformação competitiva ou uma estratégia clara de crescimento. Houve um abando- no dessa estratégia e os institutos que ainda defendem a indústria de transformação, o fazem de forma equivocada numa discussão sobre câmbio nominal que não faz senti- do. Existe uma carência de estraté- gias de inserção da economia bra- sileira na economia internacional, com alguma pró-atividade. Temos reagido passivamente a uma situ-

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx