Revista da ESPM

R E V I S T A D A E S P M – março / abril de 2011 104 chega a cancelar reuniões comLampreia (cf. FER- REIRA, 2006). Como contradição, tivemos, nesse governo,umsilênciofrenteaoprocessoautocrático de Alberto Fujimori no Peru. Não obstante último fato, de uma maneira geral esse governo mostrou um engajamento com os DH, tratando do tema até coma poderosa República Popular da China. 1 Infelizmente, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva nota-se uma estagnação nessa evolução da chancelaria brasileira pela defesa dos DH. O governo Lula adotou uma política externa que enfatiza a necessidade de diversificar parceiros nos quatro can- tos do planeta com o objetivo de dar impulso à balança comercial brasileira. Semdúvida, oobjetivo foi extremamen- te válido e teve bons resultados. Dado que vivemos hoje em um período de globalização da economia, a busca por diferentes mercados e consumidores ganha significativa importância para o crescimento econômico. Ainda, o impulso que a economia brasileira teve nos últimos oito anos, somado ao ganho de prestígio em organismos internacionais, mostra que a política externa do governo Lula esteve longe de ser totalmente desastrosa – como advoga alguns analistas internacio- nais. Porém, ele teve sua ponta de desastre: a maneira calamitosa como foramnegligenciados os DHempaíses como Cuba e Irã. O silêncio diante dos gritos pela liberdade Com relação a Cuba, este país promoveu em abril de 2003 uma onda de prisões contra opositores que geraram mais de setenta encarceramentos e três execuções – mortes justificadas pelo fato de os indivíduos opositores terem sequestrado uma embarcação,oqueincorreunocrimedeterrorismo. Na ocasião, não se ouviu uma condenação clara da chancelariabrasileira.Damesmamaneira, quando oopositorOrlandoZapatamorreporgrevedefome durante a visita de Lula à ilha em2010, a única de- claraçãooficialéosentimentodepesardoItamaraty. Com referência ao Irã, o Brasil se aproximou desse paísnosúltimosanoscomoobjetivodeincrementar suas relações comerciais. Essa finalidade acabou por negligenciar os diversos problemas daquele país comos DH. Em2009, o presidenteMahmoud Ahmadinejad “vence” as eleições presidenciais. Surpreendentemente, emumpaís de aproximada- mentesetentaeseismilhõesdehabitantes,avitória foi declarada três horas após o fim da votação. Em umanação emque o voto émanual, sómesmoum milagre para se ter tal resultadodentrode tão curto período.IssonãoimpediuqueoBrasilreconhecesse oficialmente a vitória de Ahmadinejad. Após a contestada eleição, há diversos protestos no país da Ásia Central que resultam emprisões e mortes de opositores políticos ligados ao candidato derrotado Mir Hossein Mousavi. 2 Uma das prin- cipais vítimas é uma jovem, Neda Agha Soltan, morte que ganha repercussão comparável à de outra mártir histórica pela liberdade no Irã, Mona Mahmudnizad 3 . Por fim, a perseguição à minoria } Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. ~ D eclaração U niversal dos D ireitos humanos Orlando Zapata, ativista político cubano e oposi- tor do governo de Fidel e Raúl Castro, foi um notó- rioprisioneiropolítico,que morreu após greve de fo- me, em protesto ao atual regime cubano. Durante a visita de Lula à ilha em 2010, a única declaração oficialdogovernobrasilei- rofoiapenasosentimento de pesar do Itamaraty.

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