Revista da ESPM
R E V I S T A D A E S P M – março / abril de 2011 108 Dada a época em que Ricardo desenvolveu sua teoria, quando a tecnologia além de ser ainda incipiente era um insumo com um papel secundário na produção, compreende-se que ela tenha sido assim tratada pelo autor. Entre- tanto, é com relação a esta variável, em nossa opinião, que se devem focar os questionamen- tos sobre a concepção de O’Neill a respeito das divisões das funções entre os BRICs. Estamos no início do século XXI e a tecnolo- gia se transformou no insumo fundamental de qualquer produção. Entende-se também que, quanto maior a tecnologia empregada nos processos produtivos, maior será o valor agregado à produção, isto é, maior será o efeito econômico, na vida de uma nação, em razão de cada produto produzido. Assim sendo, se uma sociedade quer se destacar na economia mundial deverá ter uma economia que esteja majoritariamente concentrada em produzir aqueles bens e serviços que agreguem maior valor à economia, o que, na contemporanei- dade, significa tudo o que for produzido com maior uso de tecnologia. Historicamente, aqui no Brasil, deve-se relembrar o debate ocorrido no período do pós-guerra, quando alguns pensadores acre- ditavam que o futuro do nosso país consistia em ser o “celeiro do mundo” e que assim chegaríamos ao desenvolvimento, enquanto outros acreditavam na necessidade de se agre- gar um maior valor à produção, tornando-a majoritariamente industrializada. A discussão foi “decidida” pelo presidente Juscelino Ku- bitschek, que capitaneou o primeiro grande impulso rumo à industrialização da história deste país. Na esteira dessas ideias, parece-nos inadequa- do que o Brasil se contente em ser o produtor de alimentos na nova ordem estabelecida pela teoria BRIC. Deve-se, portanto, concentrar os esforços em agregar valor à nossa produção, estimulando a indústria, a geração de tecno- O Brasil e a Rússia se- riam os maiores fornece- doresdematérias-primas – o Brasil como grande produtor de alimentos e a Rússia, de petróleo – enquanto os serviços e produtos manufaturados seriam principalmente providos pela Índia e pela China, onde há grande concentração de mão de obra e tecnologia. BRICs
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