Revista da ESPM

março / abril de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 109 logia, bem como em obter uma maior inserção da nossa produção industrial no comércio mundial, a exemplo do que ocorre com a produção agrícola nacional. Estamos convencidos de que não apenas uma nova ordemmundial está se estabelecendo na era da globalização, como também os países líderes serão aqueles que conseguirem criar tecnologias e processos que sejam susten- táveis em termos do meio ambiente e ainda obtiverem uma maior inserção no comércio internacional, pois estes conseguirão unir o obrigatório respeito à natureza com a maior eficiência produtiva. Entretanto, é aqui que as deficiências brasi- leiras se destacam e nos mostram que elas têm de ser combatidas imediatamente, sob pena de sermos forçados a assumir o papel de mero produtor de produtos primários, o que na nossa concepção seria umpapel secundário na nova ordem mundial. Essas deficiências podem ser classificadas em conjunturais e estruturais. Entre as primeiras, podemos citar algumas político-econômicas, com destaque para as políticas monetária e cambial. A primeira é concentrada na mani- pulação da taxa básica de juros, agindo indi- retamente sobre a taxa de juros de mercado. A ideia é controlar a demanda, que tem andado muito aquecida nos últimos tempos, gerando pressões inflacionárias. Com o aumento dos juros, a demanda deverá sofrer uma redução e, portanto, diminuir o risco inflacionário. Contudo, os juros altos atraem os investi- mentos financeiros internacionais, numa época de expansão monetária nos EUA, ou seja, boa parte dos dólares colocados em cir- culação pelo governo americano vem para o Brasil em busca de uma maior remuneração proporcionada pelas altas taxas de juros. A entrada desses dólares no País faz com que a taxa de câmbio fique baixa, oscilando em torno de R$ 1,70, o que diminui a diferença entre os preços internacionais e os nacionais, expondo a produção nacional a uma concorrência que, frequentemente, é desleal com os produtos internacionais. Já entre as questões estruturais, deve-se considerar que os produtores industriais bra- sileiros sofrem uma pesada carga tributária que, junto com as altas taxas de juros, acaba RELAÇÃO DOS PRODUTOS E SEUS RESPECTIVOS IMPOSTOS: Água Arroz Batata Carne bovina Chocolate Feijão Leite Cerveja Refrigerante Gasolina R$ 1,39/1,5L R$ 2,19/kg R$ 2,49/kg R$ 10,50/500g R$ 3,99/180g R$ 2,15/kg R$ 2,49/pct R$ 1,25/lata R$ 1,35/lata R$ 2,52/L 37,88% 15,34% 11,22% 17,47% 30,80% 15,34% 12,55% 54,80% 45,80% 53,03% R$ 0,53 R$ 0,34 R$ 0,28 R$ 1,83 R$ 1,23 R$ 0,33 R$ 0,31 R$ 0,69 R$ 0,62 R$ 1,34 VALOR DO IMPOSTO PRODUTO PREÇO IMPOSTO Fonte: IBPT/2009 Deve-se considerar que os produtos brasileiros sofremuma pesada car- ga tributária que, junto com as altas taxas de juros, acaba por aumen- tar os custos.

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