Revista da ESPM

março / abril de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 111 ROBERTO SIMONARD FILHO Professor daESPM-RJ, daPUC-RJ eCoordenador Executivo Acadêmico da UCAM. Acrescente-se que a estrutura etária da po- pulação apresenta mais pessoas em idade de trabalhar do que jovens e crianças. O Brasil nunca apresentou tantas pessoas em idade ati- va. Esse período de “bônus demográfico”, pelo qual o nosso País atravessa, tem sido discutido academicamente e destacado por certos setores da mídia. Trata-se de um fenômeno populacio- nal que pode trazer benefícios à economia e à população, já que neste caso a produtividade média das pessoas tende a subir. Estima-se que esse ciclo de bonança esteja ativo desde 2000 e chegue até o ano de 2030. A propósito, essa foi uma das vantagens que O’Neill considerou para acrescentar o “B” ao “RIC”. Quanto aos problemas conjunturais, princi- palmente com relação às políticas econômicas, acreditamos que a variável mais importante seja o comportamento da inflação. Com efeito, menores índices de inflação proporcionarão um afrouxamento da política monetária e a consequente redução das taxas de juros, desde que, paralelamente, haja um relativo controle dos gastos públicos. Por outro lado, tal fato poderia viabilizar uma taxa de câmbio mais alta e uma diminuição da força da concorrência dos produtos internacionais que têm travado a produção industrial nacional, a qual teria então condições para assumir a tão necessária liderança do processo produtivo brasileiro. Já para corrigir todos os problemas estruturais citados, deve-se começar com o estabeleci- mento de políticas que definam os objetivos a serem alcançados e as ações que deverão ser implementadas nos próximos dez ou doze anos, para que eles sejam atingidos. Não menos importante será, ainda, posicionar a sociedade em direção à solução dos problemas destacados, principalmente os estruturais, com atenção especial à educação. O aumento da população economicamente ativa, por exemplo, gera necessidade de alte- ração das diretrizes das políticas públicas de um país. Por conseguinte, espera-se que haja maior investimento na geração de empregos e principalmente na educação continuada, esta com uma maior aplicação de recursos em relação aos da educação básica – destinada a crianças e jovens. Isso aconteceu em países como o Japão e a Coreia do Sul, nos anos 80, rendendo bons frutos nas décadas seguintes. Acreditamos que as perspectivas brasileiras no sentido de nos tornarmos um legítimo BRIC serão tão melhores quanto mais cedo e mais intensamente nossa sociedade se lançar à tarefa de eliminar os obstáculos que se interpõem entre o futuro como po- tência, mas com funções diferentes das preconizadas por O’Neill, ou permanecer “deitado eternamente em berço esplêndido”, ignorando as enormes potencialidades do País. Reforçamos a nossa descrença de que um país consiga se tornar uma potência econômica sem uma produção que consiga maiores índices de valor agregado. Sabemos que a qualidade do planejamento a longo prazo depende fundamentalmente do preparo das pessoas envolvidas, mas acredita- mos que o País já possua massa crítica para tal. Se ainda olharmos para trás e constatarmos o fato de que foi suplantada a maioria dos graves problemas macroeconômicos que travaram esta nação no passado e que o aperfeiçoamento da nossa jovem democracia, juntamente com a sua consolidação, avança, apesar de tropeços e retrocessos, como a corrupção, estaremos dispostos a encampar a aposta de que o Brasil efetivamente estará entre as quatro maiores economias do planeta quando ultrapassarmos a primeira metade do século XXI. O aumento da produti- vidade média tende a subir, e esse ciclo de bonança - ativo desde 2000 - foi uma das van- tagensqueO’Neill consi- derouparaacrescentar o “B” ao “RIC”. ES PM

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx