Revista da ESPM

março / abril de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 115 que a bolha imobiliária, também atrelada a patamares crescentes da atual inflação, já é motivo de preocupação e, segundo o gover- no, parte da saída pode ser a construção de milhões de casas populares. O Plano Quinquenal Chinês (2011-2015), que traça as diretrizes desenvolvimentistas para os próximos anos, enfatiza a necessidade de “inclusão”, especialmente quanto às ques- tões sociais, aparentemente negligenciadas nestes últimos 30 anos de abertura e período de reformas. Busca-se um maior equilíbrio entre ummercado altamente exportador e um aquecido mercado interno consumidor, mas que ainda vive com base em salários muito baixos e a necessidade de poupança para sus- tentar despesas médicas, gastos educacionais e aposentadoria. É notório que a China celebre o fato de “tirar” aproximadamente 250 milhões de pessoas da pobreza, mas ainda se mantém extremamente desigual com respeito aos seus indicadores. Parte das disparidades evidenciadas se con- centra na relação entre a China urbana e a sua versão rural, conforme se observa no Quadro 2. O gasto médio dos domicílios rurais chega a patamares inferiores, a aproximadamente 73% dos domicílios urbanos. As discrepâncias são menos acentuadas nas regiões de Pequim e Xangai (mais desenvolvidas, competitivas, industrializadas e commelhores indicadores na educação), onde a relação é da ordem de 40% a 45%. Em contrapartida, aumentam as diferenças ainda mais, à medida em que se caminha para a parte central e oeste até a região do Tibete e Xinjiang, província com tendências separatistas. O poder de compra indica ainda que milhões de chineses podem chegar a uma nova pirâ- mide do consumo (oportunidade para produ- tos e serviços), caso a tendência de migração do campo para as cidades tambémmantenha seu ritmo e o acesso a produtos e serviços seja factível, contribuindo para a redução dos con- trastes previamente mencionados (Quadro 3). De 1992 até 2007, houve incremento de 27% para 45% da porcentagem da população vivendo sob administração urbana. Mesmo com as desigualdades acentuadas, outros indicadores referentes ao ambiente de negócios (Quadro 4), favorecem os chineses, Ano 1980 1985 1990 1995 2000 2006 % 36% 46% 35% 27% 27% 27% QUADRO 2 DESIGUALDADE NA CHINA: GASTO MÉDIO DE DOMICÍLIOS RURAIS COM % DOS DOMICÍLIOS URBANOS Fonte: The State of China Atlas , 2009. AChina celebra o fato de “tirar” aproximadamente 250 milhões de pessoas dapobreza,masaindase mantém extremamente desigualcomrespeitoaos seus indicadores. Urbano 92 Refrigerador Máquina de lavar TV colorida Câmera Computador 97 137 48 47 RURAL 43 89 4 3 22 QUADRO 3 BENS DE CONSUMO: NÚMERO DE POSSES A CADA 100 DOMICÍLIOS Fonte: China Statistical Yearbook , 2007, referente ao ano de 2006.

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