Revista da ESPM
março / abril de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 121 } Um grande dirigente editorial precisa ter os valores do bom jornalismo: independência, integridade, ética, excelência e respeito ao leitor. ~ R o b e r t o C i v i t a mensageiros da sociedade, é inegável que o famoso Efeito Heisenberg – criada pelo físico alemão Werner Heisenberg, a teoria demonstrou que o mero ato de observar um fenômeno altera sua natureza – é também aplicável ao mundo das notícias e do jor- nalismo. Não devemos nunca abandonar o papel de investigar e denunciar irregula- ridades, corrupção, erros e mentiras, mas não podemos abdicar de procurar os fatos estimulantes, positivos e construtivos. A imprensa não deve ser vista apenas como vingadora, justiceira, destruidora, um anjo exterminador. Deve ser uma força que aju- da a compreender, constituir, construir e defender a comunidade, o Estado e o País. É fundamental que a preocupação ética, o triunfo do princípio sobre a conveniência, a responsabilidade junto aos indivíduos, ao público, à nação e até ao planeta estejam sempre na balança. Afinal, quem nos outorgou o direito de infor- mar, criticar, opinar, investigar, denunciar, divertir e servir? A resposta é dupla: de um lado ninguém nos elegeu, da mesma maneira que ninguém elege a igreja, as universida- des, os editores de livros, o supermercado onde nos abastecemos. Por outro lado, todos nos elegem a cada instante. A imprensa não é um poder estruturado, erigido institucionalmente. O mercado livre, sim, que é a fábrica das eleições, a usina permanente de opções. O mercado aberto e sem constrangimentos gera uma multiplici- dade de estímulos e demandas que levam à concorrência intensa e constantemente reno- vada. Esta eleição é permanente e acontece diariamente, a cada edição do jornal, dos programas das emissoras de TV e de rádio, das reportagens publicadas nas revistas e nos sites. Evidentemente, não estamos aqui apenas para falar de jornalismo com “J” maiúsculo, de política, de economia e da salvação da pátria. Estamos aqui para falar de jornalismo lato sensu , desde política e economia até moda, turismo, gastronomia, carros, bebês, esportes, beleza e todo o vas- to leque de interesses dos nossos diversos públicos. Seja qual for a modalidade, e esta é uma das disciplinas do nosso currículo, é preciso sempre levar em conta que isso é muito mais do que um simples negócio. O ideal é manter um equilíbrio permanente entre a excelência do conteúdo produzido e a saúde financeira da empresa. Estou convicto de que fazer jornalismo de qualidade, independente, confiável, além de contribuir com a sociedade, pode-se, às vezes, até ganhar algum dinheiro. Para isso a melhor maneira que conheço é o que chamamos na Abril de a “separação entre a Igreja e o Estado”. Mas onde aprender isso tudo? Onde poder mergulhar no assunto num nível avançado e debater as grandes questões básicas? A importância da formação e da especia- lização nesse caso tornou-se óbvia para mim ao longo das décadas porque a escola até aqui, de formação de dirigentes e de redação, tem sido a prática, mas a prática, você encontra. Hoje, temos 54 diretores de redação na Abril e, ao longo dos anos, tenho observado o quanto é difícil subir na carreira e aprender e dominar todos os
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