Revista da ESPM
R E V I S T A D A E S P M – março / abril de 2011 122 } A primeira preocupação de um bom gestor deve ser com o recrutamento, o desenvolvimento, a manutenção e a motivação de sua equipe. Isso inclui saber demitir. ~ assuntos necessários a um dirigente edi- torial, para realmente exercer sua função com competência, brilho e sucesso. Então, lembrei-me de uma história: nos fins de 1890, Joseph Pulitzer, que era fundador e principal editor de alguns dos grandes jor- nais de Nova York na época, foi procurar uma universidade de renome para fundar uma escola de jornalismo. Visitou as melhores universidades dos Estados Unidos e disse que estaria disposto a financiar a montagem de uma escola de jornalismo. Mas todas dis- seram que “jornalismo não era coisa séria. Jornalismo não era coisa para universidade. Jornalismo era um ofício”. Aliás, mais de 100 anos depois, um dia um reitor de uma dessas universidades disse-me a mesmíssima coisa. Certa vez, estava na Brown University, que é uma das mais tradicionais universidades dos Estados Unidos, para fazer uma palestra sobre o Brasil e, conversando com o reitor, perguntei se eles tinham uma escola de jornalismo em Brown. Ele me olhou e disse: “Sr. Civita, há 200 anos, os fundadores dessa universidade decidiram que não ensinaría- mos ofícios”. O mesmo que disseram ao Sr. Pulitzer: “Nada feito. No school”. Ele insistiu durante 14 anos. Todo ano voltava para a Universidade de Columbia, dizendo estar disposto a bancar uma escola de jornalismo: “Vocês têm certeza de que não querem?” Depois de 14 anos e da troca de alguns conselheiros, finalmente concordaram. Em 1905 aceitaram uma doação de Pulitzer e montaram o que hoje é a Columbia Jour- nalism School. Um dia ocorreu-me que estávamos um pouco atrasados, que não tínhamos uma dessas escolas e que era algo que queria fazer, porque acredito na importância da educação de modo geral, especialmente nas grandes universidades, que têm um papel fundamental na formação de uma sociedade mais desenvolvida. Decidi que o curso deveria ser em uma universidade pau- listana e, naturalmente, sem fins lucrativos, porque tenho uma velha convicção de que a melhor educação se faz sem fins lucrativos e lembrei-me da minha alma mater. Lembrei-me da ESPM, que frequentei na rua Sete de Abril, no fim da década de 50, quando ensinava somente Propaganda, mas já era uma extraordinária escola. Com muito or- gulho, integro o Conselho da ESPM há anos. Procurei primeiro o Armando Ferrentini, depois os outros Conselheiros e o professor J. Roberto Penteado para saber se estariam interessados em montar uma escola dessas em São Paulo e eles gostaram. Depois disso perguntei como faríamos isso, porque nos Estados Unidos você simples- mente preenche um cheque, entrega para a universidade específica, qual é a finalidade e o assunto está encerrado. Isso chama-se endowment . Consultei advogados e perguntei como o endowment era feito no Brasil e eles me disseram que não existia. Quando per- guntei como isso deveria ser feito, eles res- ponderam que era muito complicado. Vocês não vão acreditar, mas levamos seis meses para encontrar uma fórmula que possibili- tasse fazer algo equivalente, com algumas PALESTRA
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