Revista da ESPM

R E V I S T A D A E S P M – março / abril de 2011 126 Tem gente que me pergunta por que fazer um curso de jornalismo agora. Será que o jornalismo não está acabando? Será que a internet não liquidou o jornalismo? Os jornais, as revistas, a televisão e o rádio que conhecemos vão continuar existindo? Essa é a grande pergunta. Minha resposta é um enfático sim, e por muito tempo, porém com um tom mais crítico na sequência. As fronteiras entre os veículos estão acabando, a imprensa tradicional já incorporou sons e imagens em movimento. A era multimí- dia, da conectividade, da interatividade e da próxima novidade que já está chegan- do, está definitivamente instalada. Como consequência, hoje, as pessoas estão literal- mente submersas em um verdadeiro dilúvio informativo. Como se informar, selecionar, confiar no que está acessível na rede com todos esses milhões de sites, blogs, vídeos e redes sociais? Mais do que nunca, os nossos públicos necessitam de solo firme quando buscam informação. Precisam de coordenadas e re- ferências confiáveis. Precisam de quem faça o trabalho de editar. Precisam de um guia que selecione, organize, cheque, analise e em quem, repito, possam confiar. É aqui que nós, produtores de conteúdo, entramos, ou melhor, continuamos na história. Precisa- mos continuar a ser profundos conhecedores e referência nos assuntos que tratamos e a fonte privilegiada de quem quer se atualizar, entender o que é um tsunami, avaliar um cardápio, comprar um carro novo, experi- mentar um novo penteado, escolher uma es- cola para os filhos, uma maneira de diminuir a barriga ou até um presidente para o país. A função do dirigente editorial é orquestrar o conjunto da sua redação, começando com a escolha e o treinamento dos músicos para dirigir o processo. Precisa também saber intuir e descobrir o que seu público quer, além de entender a concorrência, sentir quando mudar de direção mediante disputas e conf litos, e defender sempre o saudável equilí brio editorial e comer- cial. Enfim, precisa sempre lembrar que qualquer veículo é um todo e seu sucesso depende da harmonia entre corpo e alma, entre Igreja e Estado, princípios e inteli- gência, experiência e imaginação, ousadia e competência. Precisa não se esquecer nunca de que o diretor editorial é o res- ponsável final pela reputação, integridade e credibilidade da sua revista, seu jornal, seu site, seu canal ou sua emissora. Ele é o guardião da chama que diferencia um veículo de um simples produto ou serviço. É também o defensor e propagador de seu veículo, em última instância, a consciência da publicação. Os dirigentes editoriais têm uma enorme responsabilidade para com a nossa audiência, com os nossos públicos e com o nosso país. É exatamente esse conjunto de coisas que, em minha opinião nada imparcial, torna esse metiê , este ofício, a atividade mais esti- mulante, mais divertida, mais desafiadora e mais compensadora, em vários sentidos, que existe neste planeta. Como eu disse no início, este novo curso tem a ambição e o objetivo de contribuir para a melhoria do jornalismo no Brasil. Com os ensinamentos do nosso excepcional corpo docente e o interesse, empenho e dedica- ção de cada um de vocês, atingiremos, sem dúvida, esse objetivo. Bom proveito, bom divertimento e muito sucesso! } Esse novo curso tem a ambição e o objetivo de contribuir para a melhoria do jornalismo no Brasil. ~ PALESTRA ES PM