Revista da ESPM
março / abril de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 131 Comparando-se os resultados de aplicação do mesmo instrumento de pesquisa ao grupo de gerentes brasileiros e ao grupo de líde res-mulheres em épocas diversas, notam-se algumas semelhanças e algumas diferenças interessantes. Pontos fortes Os pontos fortes permanecem iguais nas duas primeiras posições em ambos os grupos: Competição e Independência . Poder-se-ia inferir que estas são as características básicas da li- derança em nossa cultura, tanto para homens quanto para mulheres? Competição remete à imagem de luta, agressividade, iniciativa, possivelmente ligada ao n achievement de Mc- Clelland, característica do homem que busca desafios e supera obstáculos para realizar-se. Independência é também um símbolo mas- culino de afirmação social, diferenciando-se da dependência, submissão feminina ou de subordinados... Nas duas posições seguintes figuram itens diversos: para os homens, Flexibilidade e Au- toconfiança . Para as mulheres, Experimentação e Saber ouvir . Autoconfiança, como imagem de segurança interior que os outros procuram e invejam, também é socialmente valorizada como figu- ra paterna, forte, superior, sem as fraquezas, dúvidas, insegurança de filhos/subordinados/ inferiores. O item Flexibilidade pode igual- mente fazer parte da imagem social do gestor/ líder que se atualiza, não é rígido, não estagna, aberto a inovações, bem apto a ajustar-se a mudanças. Em suma, a imagem mais valori- zada do nosso tempo: o jovem. Até que ponto Flexibilidade e Experimenta- ção teriam muito em comum, praticamente semelhantes por traduzirem maleabilidade, não rigidez, busca de mudanças? Já os itens Autoconfiança e Saber ouvir pode- riam mostrar diferenças na liderança mascu- lina e feminina. Autoconfiança, como atributo masculino de força e poder, estaria implícito na imagem social de maior segurança mascu- lina. Saber ouvir, que abrange maior atenção aos outros, transmitiria a imagem social de maior compreensão feminina. Saber ouvir para a mulher e Autoconfiança para o homem poderiam então reforçar a imagem social de maior compreensão feminina e maior segurança masculina? Ainda mais com a adi- ção de Apoio Catalisador e Sensibilidade da mulher-líder. Esta poderia ser vista exercendo um papel “maternal” na liderança? Os pontos fortes indicados sugerem um desenho de características de um perfil idea lizado, um modelo de “comando”/liderança de forte influência cultural – o líder “forte”, competitivo, independente, produzido em nossa sociedade contemporânea globalizada, onde vencer, lucrar, ultrapassar constituem qualidades/valores essenciais para sucesso profissional e até para sobrevivência no mercado. Esse perfil-modelo está condicio- nado a características “masculinas”. Desde a infância os meninos são treinados a desenvolverem carac- terísticas “masculinas”, começando pelos brinquedos e brincadeiras que formam um cenário primitivo de aprendizagem de afirmação e ação. Quem não aprendeu que “homem não chora”, que “choro é coisa de mulher...” e “mulher, sim, pode chorar à vontade”...? Nosso g rande poeta Gonçalves Dias expõe esse condicionamento cultural no famoso poema I Juca Pirama, de forma dramática e pun- gente, quando diz: O Líder-Mulher, Progra- ma Internacional de For- mação de Lideranças do SEBRAE-PR, ajuda as mulheres que desejam ampliar o poder de influ- ênciatransformadora,nas organizações de repre- sentação empresarial.
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