Revista da ESPM

R E V I S T A D A E S P M – março / abril de 2011 132 O condicionamento cultural de atributos “masculinos” no comando/controle das situa­ ções organizacionais como se estes fossem os decisivos no desempenho do papel de líder traz implicações em outras áreas do compor- tamento humano. Como decifrar o código de vestuário apropria- do para exercer um certo papel profissional? A embalagem identifica e valida o produto? Quem não entende a mensagem do famo- so “terninho” das executivas no dia-a-dia das empresas? O uso de roupa mais “masculina” serve para transmitir e/ ou afirmar status equivalente? Vale observar a predominância do con- junto de atributos considerados “mas- culinos” em nossa sociedade como os mais frequentes tanto nas respostas de homens como nas de mulheres-líderes: Competição, Independência, Experi- mentação, Flexibilidade. Entretanto, as mulheres apresentam mais três atributos compondo a sua constelação de liderança: Saber ouvir, Apoio catalisador e Sensibilidade, estes considerados “femininos” em nossa cultura ocidental latino-ame- ricana. Seria essa composição um diferencial de sucesso da liderança feminina? A mulher teria de desenvolver primeiramente os aspec- tos masculinos como base e complementar com atributos femininos que equilibrariam e realçariam o exercício efetivo da liderança? Esta é uma hipótese em aberto a ser verificada em pesquisas posteriores, estudando-se tam- bém a influência de atributos femininos no desempenho do papel de líder bem-sucedido. Na ordenação dos gerentes, os itens Saber ouvir, Apoio catalisador e Sensibilidade fica- ram nas posições 7, 5 e 6, respectivamente, em sequência semelhante. Isso significaria que são importantes características no exercício efetivo da liderança. Ou seja, a liderança, como processo interpessoal, requer tanto atributos masculinos quanto femininos para sua pleni- tude operacional. Esses três itens sugerem que a liderança femi- nina está mais voltada para as pessoas, para o relacionamento. Atingir os objetivos e cumprir as tarefas, sim, porém dando maior atenção e espaço para a relação humana. Saber ouvir constitui um caminho propício para a empatia, para a comunicação bilateral efetiva. O líder que ouve os outros amplia seus recursos quantitativos e qualitativos, conhece melhor seus colaboradores e tende a melhor relacionamento com eles. Pela comunicação mais efetiva como líder aumentam a confiança e a segurança no grupo. Apoio Catalisador é fator de segurança psico- lógica que reforça a confiança e a comunicação – sugere uma atitude de cuidado “maternal” para o desenvolvimento da pessoa, como acontece na infância. Significa encorajamento e ajuda quando necessário, na medida certa, para a pessoa agir sozinha, sabendo que pode contar com o outro a seu lado o tempo todo. Sensibilidade traduz habilidade de perceber necessidades e sentimentos dos outros – ca- ( ( } Tu choraste em presença da morte? Na presença de estranhos choraste? Não descende o cobarde do forte; Pois choraste, meu filho não és! ~ G onçalves D ias Quem ocupa função de chefia/comando geral- mente é submetido a programas de capacita- ção para poder exercer a liderança de forma efetiva nos vários níveis hierárquicos.

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