Revista da ESPM
SUMÁRIO executivo R E V I S T A D A E S P M – março / abril de 2011 138 O Brasil na nova ordem internacional: estamos prontos para ocupar o lugar que nos cabe? LUIZ FELIPE LAMPREIA PÁG. 26 Com o surgimento da expressão BRIC, o Brasil teve um acréscimo de soft power e uma visibilidade que não tinha tido antes em sua história. Mas não se deve enfatizar demasiado o papel do BRIC na cena internacional, pois seus integrantes têm histórias e interesses diferentes que só conduzirão a denominadores comuns muito largos. O Brasil nunca esteve em posição tão elevada na escala de prestígio e influência mundial. Ocupará cada vez mais a posição que lhe cabe pelos ativos que possui: território, riquezas naturais, uma economia sempre mais mo- derna. Mas não poderá competir no futuro previsível com as atuais grandes potências em termos militares. Nossas prioridades devem ser sociais, econômicas e políticas, nunca a construção de um poder bélico não justificado por ameaças externas. Fortalecendo o “B” de Brasil nos BRICs MARCOS TROYJO PÁG. 32 Os BRICs são um “conceito-em-construção”. Atuam nummundo interdependente e confli- tuoso. Se almejammaior influência, precisam mais do que dimensões geográficas e estatís- ticas semelhantes. É necessária a ampliação de fóruns e agendas comuns. Precisam saber o que querem para seus países, suas elites; o que querem do mundo e para o mundo. Examinar projetos de poder, prosperidade e prestígio. A China deseja ser rica e daí pode- rosa – seu projeto de prosperidade é o de na ção-comerciante. A Índia deseja ser poderosa e daí ter prestígio. Seu diferencial é o custo- benefício da mão de obra em têxteis, web e call centers e TI. A Rússia age como se ainda fosse superpotência. Seu futuro depende de governança, transparência e utilização de seu grande número de cientistas para tecnologias voltadas ao mercado. O Brasil precisa de um business plan. A nova posição do País virá do destino que dermos a recursos da descoberta do pré-sal, que têm de ser transferidos para a economia da inovação. Se o investimento em P&D subir para 2% do PIB e internacionali- zarmos a marca ‘Brasil’, o País será uma das cinco nações mais dinâmicas do século 21. BRICs ou RICs MÁRIO MARCONINI PÁG. 38 “ BRICs” refere-se a uma projeção em torno do futuro de quatro países, por ordem de iniciais: Brasil, Rússia, Índia e China. No Brasil, preocupamo-nos se vamos ou não acompanhar o pique dos outros. Pensamos num BRIC sem “B” porque ainda duvidamos de nossas capacidades e temos ampla evi- dência de como podemos perder o trem da história com relativa facilidade. No entanto, ser BRIC não é ser perfeito e nossos “parceiros de sigla” certamente não o são. Seus desafios são no mínimo tão grandes quanto os nossos. Entre vulnerabilidades e potencialidades, não estamos tão mal na fotografia. Basta fazer o que sabemos que devemos fazer – entre micro emacrorreformas – que poderemos liderar, em lugar de ser liderados. O eterno dilema da quase-modernidade brasileira CARLOS FREDERICO LUCIO PÁG. 44 Analisar a inserção do Brasil no rol de nações economicamente emergentes coloca o país frente a um dilema secular ainda não resolvi- do: uma contradição estrutural e estruturante (chamada por DaMatta de “hibridismo”) entre o Arcaico e o Moderno. Partindo de uma caracterização sucinta do conceito filo- sófico de Modernidade e suas repercussões conceituais, em especial a tríade constituinte das sociedades contemporâneas (Estado, Mercado e Sociedade Civil − isto é, o plano político, econômico e social), o texto procura levantar alguns aspectos dessa contradição, no caso brasileiro, por meio de uma tese central: esta tríade possui uma articulação sistêmica, de tal modo que conquistar a Modernidade no campo econômico (como se pleiteia), não terá sustentabilidade se ela não acontecer simultaneamente nos campos Político e Social. O BRICs em números SÉRGIO PIO BERNARDES PÁG. 52 BRIC é uma sigla formada pelas letras ini- ciais de Brasil, Rússia, Índia e China. Os países que o compõem têm similaridades, mas têm também discrepâncias. Às vezes, os indicadores demonstram que “menos” é “mais” e, por outro lado, o “mais” é “menos”. Tais desequilíbrios só reforçam o argumento de David Ricardo – economista clássico – de que ter primazia em um dos indicadores não confere a nenhum país autossuficiência em todos os setores, ou seja, ser grande não sig- nifica ser mais rico e ter relevância em um dos indicadores não confere a cada país primazia em comparação a outro. Os BRICs devem for- talecer para obter o mesmo status do “centro”, pois assim poderão evitar se transformarem em “neoperiferias” do século XXI. Uma reforma necessária ORLANDO ASSUNÇÃO FERNANDES PÁG. 64 O Brasil e os demais países que compõem os BRICs são hoje estrelas em ascensão. Todavia, não obstante os avanços obtidos nos últimos anos, o Brasil tem ainda muito a fazer se quiser ocupar um lugar de destaque na economia mundial. E entre os vários desafios que se apresentam, está o de fazer uma ampla refor- ma tributária. O complexo sistema de arreca- dação, a sobreposição de impostos e a concen- tração de tributos indiretos constituem-se em importante gargalo de nossa economia. Este artigo evidencia, a partir da chamada Curva de Laffer, que qualquer proposta de reforma tributária, mais do que um ato de aumentar a arrecadação do Estado, pode e deve ser um instrumento que permita reduzir a desigual- dade social, bem como venha a estimular o crescimento econômico, e que esses objetivos, além de não excludentes, podem, ao contrário do que se imagina, ser alcançados através da redução da carga tributária.
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx