Revista da ESPM
O omo os grandes países emergen- tes estão se preparando para a nova economia política global? A ideia de “BRICs” (conjunto de nações emer- gentes que congrega Brasil, Rússia, Índia e China), como categoria válida para a análise do presente e futuro das relações internacionais é um “conceito-em-construção”. O sucesso de cada um desses países na economia política do século XXI resultará essencialmente de quatro perguntas a que países candidatos a potência internacional têm de responder: Qual é seu projeto nacional? Como perseguirá seus objetivos num mundo interdependente e conflituoso? Como está se preparando para a econo- mia digital do conhecimento? Que sacrifícios está disposto a fazer? De fato, os BRICs, se quiserem ademais atuar como grupo, em coesão que permita somar forças e assim influenciar emmaior medida as relações internacionais, dependerão daquilo que alcançarem em termos de: tornar-se mais do que apenas nações que com- partilham dimensões geográficas e estatísticas econômicas e sociais semelhantes – grande território, grande população, grande economia, grande potencial para desempenhar papéis construtivos ou fragmentários em suas regiões geopolíticas e na economia global; construir visões e ações articuladas na busca de seus interesses e acerca do entendimento de como o mundo deve funcionar; e estabelecer instâncias regulares e formais que congreguem líderes empresariais, porta-vozes da sociedade civil e autoridades governamentais na formulação de agendas comuns. Ainda assim, antes mesmo de analisar as motivações individuais de cada integrante da sigla, ou mesmo do futuro da eventual cooperação entre os quatro países, cabe lem- brar aquilo que os BRICs não são (ao menos até agora): Os BRICs não são uma organização internacional. Não são, tampouco, um bloco eco- nômico com modalidades de livre- comércio. Não são, muito menos, plataforma para construção de consensos quanto a itens da agenda internacional como direitos humanos, meio ambiente, paz e segurança internacionais, regras para o comércio internacional, atua ção conjunta na ONU ou OMC etc. Os BRICs têm de saber o que querem para seus países, para suas elites, o que querem do mundo e para o mundo. Portanto, é preciso questionar se os BRICs têm: Um projeto de poder? Um projeto de prosperidade? Um projeto de prestígio? A China deseja ser rica e daí poderosa. Ela seguramente tem um projeto de prosperidade em vigor há mais de 30 anos. Isso contribui para o incremento de seu prestígio e poder. Seu desempenho no campo dos chamados “novos” itens da agenda internacional (direi- tos humanos, meio ambiente etc.), é das mais R E V I S T A D A E S P M – março / abril de 2011 34 C
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