Revista da ESPM

sofríveis. A China continuará a ser a planta de manufatura industrial do mundo ainda por muitos anos. O investimento na China será motivado essencialmente pela criação de infraestrutura local voltada ao comércio em terceiros países, ao passo que os mercados financeiros chineses continuarão a ser inci- pientes ainda por muitos anos. Já a Índia deseja ser poderosa e daí ter pres- tígio. O diferencial competitivo tem vindo da baixa remuneração do fator trabalho (salários) em determinados setores (têxteis, outsourcing , tecnologias da informação). Não possui nenhum projeto articulado de prospe- ridade. O investimento continuará a vir de empresas que desejam reduzir seus custos salariais e de produção mediante a offsho- rização de suas operações. O investimento será vigoroso em áreas de valor agregado como a indústria química, software e outros segmentos relacionados às TIs, mas em escala insuficiente para fazer um boom que perpasse toda sua estrutura socioeconômica de castas. Ademais, os mercados de capitais ainda são pouco significativos. A Rússia, por seu turno, quer poder, pros- peridade e prestígio, mas não sabe como chegar lá. Às vezes, ainda fala como se fosse uma superpotência. A população de cien- tistas é imensa. A Europeização da Rússia irá representar uma tensão entre conflito e cooperação com países de seu entorno que acabará por produzir efeitos positivos para Moscou. No instante em que a economia europeia estiver reequilibrada, o investi- mento da União Europeia fluirá fortemente à Rússia, pois é a última fronteira da Europa. A credibilidade do mercado de capitais e das instituições é ainda bastante frágil e vai demorar anos para tornar-se sólida. O in- vestimento doméstico e internacional estará focado principalmente em infraestrutura e indústrias de capital intensivo. março / abril de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 35 E o Brasil? Nosso país se insere numa atmos- fera de incerteza quanto à economia global. Tal cenário pode implicar significativa estiagem in- ternacional de capitais. A dependência que hoje nosso perfil econômico externo mantém com a China é por demais arriscada. É com este am- biente externo que devemos dar sentido prático à continuada expansão da economia brasileira e o resgate da dívida social. Será preciso aliar esforços de governo e sociedade na construção de um projeto para os próximos 25 anos. Este projeto terá de conjugar: aquilo que as empresas brasileiras vêm fazendo de melhor em termos de mercado global e uma visão estratégica de como deve- mos nos inserir na geoeconomia do século XXI. O Brasil precisa de um “business grade” Hoje há uma espécie de “espiral de otimismo” que envolve o Brasil. Muitos mostram-se im- pressionados com a resiliência e criatividade de algumas empresas brasileiras. Será que existe um modelo de ne- gócios que funcione melhor para aquelas empresas brasileiras que operam no mercado global? As empresas brasileiras que vêm lu- crando nesse mundo “pós-Lehman Brothers” seguem princípios que as distinguem e as tornammais fortes? Será que existem elementos comuns em empresas tão diferentes quanto Alpargatas, Marcopolo, Embraer, Petrobras, Vale, Fogo de Chão, BO- VESPA, Natura? O estudo da evolução dessas empre- sas ao longo dos últimos quinze anos nos faz concluir que, emgraus e aplica- A ideia de “BRICs” (con- juntodenaçõesemergen- tes que congrega Brasil, Rússia, Índia e China), comocategoriaválidapa- raaanálisedopresentee futuro das relações inter- nacionais é um “conceito- em-construção”.

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