Revista da ESPM
R E V I S T A D A E S P M – março / abril de 2011 40 to, se tudo der certo como quis um banco de investimentos no começo do Milênio, os quatro deverão concorrer mais do que cooperar entre si. Trata-se de uma “corrida desen- volvimentista” e não de um “tácito consenso” entre os BRICs. No Brasil, preocupamo-nos se vamos ou não acompanhar o pique dos outros. Pensamos num BRIC sem “B” porque ainda duvidamos de nossas capacidades e temos ampla evidência de como podemos perder o trem da história com relativa facilidade. No entanto, ser BRIC não é ser perfeito e nossos “parceiros de sigla” certamente não o são. Seus desafios são, no mínimo, tão grandes quanto os nossos. Entre vulnerabilidades e potencialidades, não estamos tão mal na fotografia. Basta fazer o que sabemos que devemos fazer – entre micro e macrorre formas – que poderemos liderar em lugar de ser liderados. Negócio da China País de uma cultura efetivamente milenar, a China viveu um considerável declínio durante séculos até reencontrar recentemente uma forma de conciliar um sistema econômico vir- tualmente ocidental com um sistema político efetivamente chinês. A adaptação da China ao mundo depois da era Maoísta foi tão bem- sucedida que em pouco tempo o mundo é que tem tido de se adaptar à China. A China en- trou na OMC em 2001, mas 10 anos mais tarde é a OMC quem se curva diante da China, não podendo fechar uma rodada de negociações em grande medida porque o mundo rejeita abrir-se mais aos produtos chineses. No âmbito do G20 financeiro, a China controla o jogo na medida em que mantém um sistema cambial próprio e altamente assimétrico em relação a seus principais concorrentes - ape- sar da “grita” generalizada de seus parceiros. Difícil negar que a China se faz onipresente de forma bastante eficaz. Difícil negar tam- bém que o país pareça onipotente e capaz de lograr qualquer milagre econômico a que se proponha realizar. No entanto, a China tem desafios enormes pela frente e não é claro que a estrutura de que dispõe seja suficiente para atendê-los. O primeiro deles, sem dúvida, diz respeito à integração de centenas de milhões de pessoas aos benefícios do crescimento econômico – o que, não bastasse o tamanho do empreendimento social que representa, se afigura como uma tarefa hercúlea do ponto de vista político. O regime autocrático chinês Dez anos após entar na OMC, é esta quem se curva perante a China, nãopodendo fechar uma rodada de negociações em grande medida, porque o mundo rejeita abrir-semais aos produ- tos chineses. A Rússia ainda se res- sente da destituição de diversosoutros territórios e nações – assim como dos recursos naturais, humanos e estratégicos que advinham da forço- sa união das chamadas repúblicas socialistas soviéticas.
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