Revista da ESPM
crescer e se desenvolver, alcançando bons níveis de bem-estar social, por outro, a economia capitalista precisa de uma sociedade na sua plena racionalidade política (Estado impessoal) e social (Sociedade Civil organizada, leis e instituições funcionando), para que possa se desenvolver plenamente. Como se disse, é uma necessidade posta pela relação de interdepen- dência estrutural. A modernidade econômica (isto é, tornarmo-nos uma economia na plenitude da racionalidade capitalista), pressupõe alcançarmos a Modernidade no sentido pleno do termo. Estaríamos dispostos a arcar com o custo desse pro- cesso? Esta parece ser uma pergunta que não gosta- mos (ou não queremos), nos fazer. Mas que urge ser enfrentada e respondida. CARLOS FREDERICO LUCIO Mestre em Antropologia Social e doutorando do Programa de Pós-Graduação emCiências Sociais pelaUnicamp. É pesquisador associado ao Projeto Temático Etnografias do Capitalismo (Unicamp) e do Centro de Altos Estudos da ESPM (CAEPM). É professor da ESPM e da FAAP. ALMEIDA ,Alberto Carlos. A cabeça do brasileiro . Rio de Janeiro: Record. 2007. ARAÚJO , Ricardo Benzaquem de. “ Romeu e Julieta e a noção do Estado ”. .... BARBOSA , Lívia. O jeitinho brasileiro. A arte de ser mais igual que os outros . Rio de Janeiro: Rocco. 1992. BRESSER PEREIRA , Luís Carlos. “ Do estado patrimonial ao estado gerencial ”. In: SACHS, Ignacy (org.). Brasil: um século de transformações . São Paulo: Cia das Letras. 2000. CUNHA , Euclides da. Os Sertões . In: SANTIAGO, Silviano. Intér- pretes do Brasil. Vol. 1. Rio de Janeiro: Ed. Nova Aguilar. 2000. Pág.: 270. DAMATTA , Roberto. Carnavais, malandros e heróis . Rio de Janeiro: Rocco. 1997. D’ANGELO , Martha. “ A modernidade pelo olhar de Walter Benjamin ”. Estudos Avançados. 2006, vol.20, n.56, pp. 237-250. FREITAG , Barbara. “ Habermas e a teoria da modernidade ”. In: Cadernos CRH. Salvador: Universidade Federal da Bahia. 22:138-65. 1995. 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Falar sobre “Modernidade” não é uma tarefa fácil, dada a multiplicidade de autores e perspectivas que poderiam ser abordadas. Optei por fazer uma reflexão livre e extremamente sucinta a partir do debate posto pela filosofia contemporânea, inserindo alguns aspectos que considero relevantes para se pensar o Brasil contemporâneo, a partir de alguns clássicos de interpretação do Brasil. Para se ter a dimensão da complexidade do tema, só para citar algumas referências sobre a Modernidade: Max Weber, Walter Benjamin, Theodor Adorno, Jürgen Habermas, Marshall Berman, Eric Hobsbawm, François Lyotard, Jean Baudrillard, Zygmunt Bauman e Anthony Giddens. Adotei, neste ensaio livre, uma perspectiva que valoriza a ideia da “raciona- lidade”, presente na Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, de Max Weber e a crítica feita pelos frankfurtianos e seus herdeiros (especialmente por Habermas em seu Discurso filosófico sobre a Modernidade). Dada a dimensão deste ensaio, não pretendo aqui, evidentemente, recuperar este debate. Deixo apenas a referência para que o leitor se lembre de que ele é realmente muito abrangente e denso. 2. O vocábulo deriva de “moderno” (do latim “modo”, ou seja, aquilo que é atual, que se sobrepõe ao antigo).Neste ensaio, Modernidade como conceito filosófico será grafado com “M” maiúsculo para se distinguir do substantivo referente à periodização histórica que será grafado com “m” minúsculo. 3. Embora esta ideia se firme propriamente somente após o movimento Iluminista, ela encontra no conjunto de movimentos filosóficos que tem início na Europa pós-Medieval um terreno fértil para florescer. 4. Habermas (2003) e Weber (1994; 1992). 5. Parte do anedotário político brasileiro, a frase “Aos amigos tudo, aos inimigos os rigores da lei”, atribuída ao ex-presidente Getúlio Vargas, é um ilustrativo desta visão, segundo a qual obedecer a lei é para aqueles que não têm poder (seja econômico, seja dado por uma poderosa rede de relações pessoais), para burlá-la. “A lei existe para não ser obedecida” ou “Seguir a lei é coisa de otário” são frases comuns que podem ser cotidianamente en- contradas no campo social brasileiro. Para um maior aprofundamento deste tema, remeto a Roberto DaMatta (1997) e ao trabalho de Lívia Barbosa (1992). Algumas das principais teses defendidas por DaMatta foram investigadas em campo e os resultados publicados em Almeida (2007). 6. DaMatta tem uma linha de raciocínio que eu, particularmente, gosto muito. Para ele, esta discussão é extremamente complexa porque ela fala sobre as grandes contribuições que o Brasil pode dar oferecendo alternativas à Modenidade no campo social, principalmente, ao rígido e rigoroso modelo europeu. Entretanto, dada a dimensão deste artigo, não será possível apro- fundar sobre sua análise. ES PM
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