Revista da ESPM
R E V I S T A D A E S P M – março / abril de 2011 60 ENTREVISTA GRACIOSO − Em sua opinião, que lugar e que papel os países ricos gostariam que os BRICs ocupassem – particular- mente em termos políticos e econômi- cos. Será que suas vozes serão mais ou- vidas? Por exemplo, o G20 competiria com o G7? E o Conselho de Segurança da ONU deveria refletir melhor o papel dos novos países emergentes? JOHN – De fato, os países ricos podem influenciar: eles podem decidir não conferir um papel importante aos BRICs e – neste caso – teriam de arcar com as consequên- cias e as dificuldades que criariam para si próprios, com essa decisão; ou, então, fazer o que eu considero certo, dando um papel importante aos BRICs. Imagine o seguinte cenário: você é o Barack Obama e ganhou mais uma eleição; quando se aposentar, em 2017 – na minha opinião – a História irá julgá-lo por duas coisas: primeiro, se você conseguiu segurar a barra da crise do capitalismo mundial; e a segunda é se você conseguiu persuadir o Brasil, a Índia, a Rús- sia, a China – e também a Indonésia e outras potências emergentes – para que façam parte integrante da nova ordem mundial. Você contribuiu para incluí-los no Clube? Mas a evidência atual é de que ele está agindo de forma totalmente equivocada. Veja, por exemplo, a resolução de ontem, no Conselho de Segurança da ONU; pelo que me lembro, o Brasil se absteve... IVAN – Você está absolutamente certo, nós nos abstivemos... JOHN – Não se trata apenas de economia, mas também de política. Não vejo a possi- bilidade de aquecimento no mercado, sem que os países emergentes sejam envolvidos. Provavelmente se o Brasil e a China tivessem votado a favor da França e da América, o cenário seria muito diferente e daqui a cinco anos, certamente, as coisas estariam mais difíceis ainda. IVAN − O G20 competiria com o G7? JOHN – São tribos diferentes. Eu almocei recentemente com alguns líderes políticos e conversamos exatamente sobre este assunto. É interessante como não mencionaram o G7 em nenhum momento. O G20 assumiu um papel muito mais significativo agora. Sobre a sua pergunta: Se o Conselho de Segurança da ONU deveria refletir melhor o papel dos novos países emergentes... sim, temos dito isso repetidamente. GRACIOSO – Por muitas décadas, prin- cipalmente depois da Segunda Guerra Mundial, a necessidade da industriali- zação era a única saída para os países exportadores de commodities . Você acha que isso ainda é verdade? JOHN – Acredito que países menores têm condições de se desenvolver exclusivamente com commodities . Já em países maiores, o desenvolvimento depende mais da indús- tria. Commodities ajudam a economia a diversificar ou permanecer diversificada. Eu acredito que a grande força do Brasil é a sua diversidade econômica. Suas alianças } Parece-me que o Brasil não carrega esse peso de ser uma ameaça política, além de ser um grande mercado geograf icamente próximo para onde a América pode vender seus produtos. ~
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