Revista da ESPM

março / abril de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 61 } O Brasil é apontado como um país que tem nível de primeiro mundo em gastos com o governo. No entanto, entrega serviços de terceiro mundo. ~ J O H N M I C K L E T H W A I T comerciais e sua indústria fazem definiti- vamente parte disso. É interessante que se busque um equilíbrio entre as duas coisas. Mas, no caso, o Brasil tem uma enorme vantagem em commodities. IVAN − Sim e é claro que estamos me- lhorando a nossa indústria significa- tivamente também... JOHN – Vocês têm a EMBRAER, que é uma empresa admirável... I VAN − Sim, como t ambém nossa GERDAU... GRACIOSO – Falando especificamente do Brasil, você acredita que vamos continuar atraindo a atenção de in- vest idores externos, mesmo que o resto do mundo retome o seu cresci- mento normal? JOHN – Sim. Os interesses do FDI estão mais voltados às perspectivas de crescimen- to rápido e maior chance de prosperidade e o Brasil é um grande mercado. Eu pessoalmen- te fico intrigado com a dimensão política do Brasil, o que me leva novamente à primeira pergunta, mas é interessante quando damos destaque ao Brasil em nossas capas. Creio que mencionei isso quando estive aí recen- temente. É caso de duas das nossas melhores capas em vendas aqui na América do Norte. Uma delas com certeza, a que tinha o Cristo Redentor do Rio. Há um lado emocional nisso. Existe uma América que, por um lado, não vê nos mercados emergentes uma nova história do sonho americano, mas a China é considerada uma rival. A Índia também em menor escala. Parece-me que o Brasil não carrega esse peso de ser uma ameaça política, além de ser um grande mercado geograficamente próximo para onde a Amé- rica pode vender seus produtos. Para um investidor americano em particular, o Brasil é uma espécie de escolha óbvia. Por razões que vão além de seus valores intrínsecos, o que é maravilhoso, eu recebo esse tipo de feedback , repetidamente, quando converso sobre a China aqui na América. Na Europa não me parece que seja assim, mas, resu- mindo, a China é vista como rival, e o Brasil é visto como mercado. GRACIOSO – A maturidade política e a capacidade de liderar outras ações são qualidades fundamentais para os paí- ses de primeiro mundo. Você acredita que nosso país está correspondendo às expectativas do resto do mundo? Nes- se contexto, os oito anos de governo Lula deixaram um balanço positivo? JOHN – Acho que o resto do mundo tem se feito essa mesma pergunta. Eles também ficaram bastante impressionados com o crescimento do Brasil. É provavelmente o resultado de uma estabilidade tanto econô- mica quanto política e o ex-presidente Lula tem muito crédito nisso. Ele cometeu mui- tos erros, se envolveu com o Irã, o que, na minha opinião, foi uma estupidez. O Brasil não ganhou nada com isso além da anti- patia pública. Com essas atitudes, como os ditadores dos mercados emergentes, fez com que as pessoas refletissem se o Brasil era de fato uma potência madura. O Brasil tem um crédito na história sob todos os pontos de vista. Lula poderia ter lutado mais pela democracia, pelos direitos humanos e pela

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