Revista da ESPM

R E V I S T A D A E S P M – março / abril de 2011 62 abertura dos mercados, porque, de todos os países, o que mais aprendeu o valor dessas coisas foi o Brasil. Arrisco em dizer que, sob esses pontos de vista, o ex-presidente Lula não foi bom. Por sua imaturidade pro- vavelmente. De uma forma global ele foi uma figura fantástica. Ele tinha tudo para começar a contar uma nova história, pois ele era o autêntico herói dos trabalhadores, da massa... era o homem da esquerda que estimulou e deu voz à sua gente. Mudou a questão da propriedade além da política interna do país. Visto por este ângulo, ele também foi a favor da Democracia, dos Di- reitos Humanos e do sistema de comércio aberto. Lula se tornou uma grande figura, mas poderia ter sido muito maior. IVAN – Nunca entendemos o que o Lula pretendia com Hugo Chávez ou com Ahmadinejad... Não fazia o menor sentido. Suas ações não refletem seus discursos bombásticos, ou seja, ele de fato não atua como fala em relação a estas questões. JOHN – Nós aplaudimos o Lula. Ele é um grande homem e conquistou algo muito especial para o Brasil. Essa habilidade de juntar progresso social e econômico é um feito e tanto... Obviamente estou de olho no governo da presidente Dilma, para ver como ela está se saindo... A revista The Economist não estava muito confiante e entusiasmada com o Lula no começo e estávamos preocu- pados com suas ações. Lula deveria ter sido um gigante dos países emergentes, talvez não tanto quanto Mandela, mas bem pró- ximo disso. Acredito que as questões com o Irã e com Chávez interferiram bastante nisso. The Economist sempre honrará o Lula por todas as coisas boas que fez, e foram muitas. O que ele fez pelo sistema nacional de estabilidade econômica no Brasil foi uma enormidade. Presidentes, assim como editores de revistas, são sor- tudos... Talvez ele seja sortudo de alguma maneira, por isso deixem que ele receba todas as honras que merece. IVAN – Muitas pessoas por aqui acre- ditam que aquelas coisas que Lula disse sobre o Chávez ser iam uma forma de dizer que “não somos es- cravos dos Estados Unidos”, por ele ter começado na esquerda... JOHN – Acho que esse foi o elemento de maturidade que faltou. A América nem sempre fez coisas boas para a história do Brasil, mas neste momento não é o caso de se apegar a políticas de guerrilha. Lula não fez favores e sim grandes feitos. O efeito foi positivo. Acredito que a América vai entender isso melhor. GRACIOSO – Em sua opinião, quais os “gargalos” que dificultam o nosso desenvolvimento e que merecem uma atenção especial do nosso governo? JOHN – Eu não sou um expert em Brasil, mas certamente a qualidade lamentável do ensi- no nas escolas públicas, a falta de modernas infraestruturas, a questão da energia, além } A América nem sempre fez coisas boas para a história do Brasil, mas neste momento não é o caso de se apegar a políticas de guerrilha. ~ ENTREVISTA

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