Revista da ESPM
D epois de ter experimentado, durante o século passado, um duradouro período de crescimen- to econômico, tendo registrado em alguns momentos de sua história taxas médias de crescimento da ordem de 11% a.a., como a obtida durante o chamado milagre econô- mico brasileiro (1968-1973), e chegar ao ano de 1980 como a oitava economia do mundo (posto que só agora volta a ocupar), o Brasil experimentou um longo período de estag- nação econômica e de convivência simul- tânea com alta inflação conhecido entre os economistas como estagflação. O preço pelo modelo de desenvolvimento adotado, basea- do no crédito externo e na forte presença do Estado na economia, iria ser cobrado a partir dos anos oitentas. Problemas como a crise da dívida externa, a inflação galopante e o baixo crescimento afligiriam a sociedade brasileira durante os anos seguintes. Porém, o sucesso do Plano Real em debelar a inflação, a retomada do crescimento econômi- co, em especial na segunda metade da década passada, o fortalecimento das instituições de- mocráticas e o elevado potencial de demanda, fizeram com que o resto do mundo passasse a olhar nosso país com mais atenção. Hoje, o Brasil e os demais países que compõem os BRICs tornaram-se estrelas em ascensão da economia mundial. Omundo enxerga hoje es- ses países commais admiração e respeito, mas também espera muito deles. Espera-se não só modernização e crescimento econômico, mas também o fortalecimento de suas instituições, a redução da desigualdade social, e a capaci- dade não só de competirem com as economias mais maduras, mas que possam no futuro se transformar nos motores da economia mundial. Todavia, apesar dos progressos obti- dos nesses últimos anos, o Brasil tem ainda muito a fazer, especialmente em setores estratégicos como edu- cação, pesquisa e desenvolvimento, infraestrutura, entre outros. Espera-se que sejamos capazes de implantar reformas estruturantes que nos permitam superar os pontos de es- trangulamento existentes para que, de uma vez por todas, o Brasil possa ocupar o lugar de destaque que lhe cabe na economia mundial. E propor e implantar reformas estruturantes para permitir que o crescimento econômico brasileiro seja susten- tável, sem dúvida, compõe o leque de desafios que a primeira mulher presidente do Brasil, Dilma Rousseff, terá pela frente. Sabe-se que a aurora de um novo go- verno constitui-se em oportunidade única para que o novo mandatário possa fazer valer o apoio conquis- tado nas urnas para aprovar leis e reformas fundamentais para o país. E entre essas reformas que aguar- A retomada do cresci- mento econômico se deu como Plano Real e, em1994, oBrasil adotou umanovamoedacorren- te, que foi implantada no mandato do presidente Itamar Franco, sob o co- mandodoentãoministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, de- pois eleito presidente da República.
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