Revista da ESPM
R E V I S T A D A E S P M – março / abril de 2011 países comoBrasil, por exemplo, o governo tinha grandes programas de incentivos sociais, mas não existiam políticas específicas de combate à pobreza (BIRDSALL; SZÉKELY, 2004). Prevalecia a visão de que o rápido crescimento econômico seria suficiente para garantir amelhora na distri- buiçãode renda (RACZYNSKI,1998). Entretanto, o aumento da desigualdade e pobreza fez com que os governos buscassem novos modelos de políticas sociais. A aplicação das chamadas reformas neoliberais foi vista com pessimismo pelos especialistas (POTER, 1997), pois pregavam ummenor papel do Estado na área de proteção social, bem como as empresas passaram a adotar modelos de efi- ciência que, em casos como o latino-americano, significaramoaumentodas taxasdedesemprego. Por outro lado, ainda persistia, entre alguns ana- listas, a posição de que o crescimento econômico teria impacto na redução da pobreza extrema e, consequentemente, nos índices de desigualdade. Chinae Índia seriamexemplosda relaçãopositiva entre crescimento econômico e diminuição dos índices depobreza emiséria. Esses países tiveram fortes reduções do número demiseráveis a partir dos anos 90 (RAVALLION, 2009). No entanto, o Brasil, apesar do baixo crescimento comparado aos demais, demonstrou uma performance me- lhor na reduçãodapobrezaextrema. 1 Então, quais seriamas diferenças na aplicação das políticas de proteção social?Oobjetivodeste artigo é analisar as respostas de Brasil, China e Índia aos proble- mas sociais que afligem suas sociedades. Assim, seráapresentadoodiagnóstico sobreas condições presentes nas três sociedades e as estratégias governamentais na área social. A situação social no Brasil, China e Índia Em 1981, a China tinha as maiores proporções de população vivendo abaixo da linha de pobre- za (pessoas que vivem com menos de U$ 1,25 dólares por dia, em preços de compra de 2005), que representava 84% da população chinesa. A Índia também apresentava índices alarmantes, sendo que 60% da população indiana, em 1981, viviam com menos de U$ 1,25 dólares. No caso brasileiro, 17%da população encontravam-se na extrema pobreza (RAVALLION, 2009). Esses países apresentaram taxas de crescimento bastante distintas, bem como o impacto na redu- ção da pobreza extrema. Assim, China, com um crescimento médio de 9% ao longo do período entre 1981-2008, viu sua população vivendo na extrema pobreza ser reduzida para 16%. No caso indiano, que apresentou um crescimento médio de 7% entre 1993-2008, a redução da pobreza extrema teve menor impacto. Em 2008, 42% da população viviam abaixo da linha da pobreza (OCDE, 2010). JáoBrasil apresentounoperíodode 1993-2008 uma impressionante queda no índice de extrema pobreza no país, caindo para 5% a população vivendo com menos de U$ 1,25 dó- lares (RAVALLION, 2009). O impressionante na situação brasileira é que a redução não foi acom- panhada de um alto crescimento econômico (o crescimentomédio no período foi de apenas 1%). Se, por um lado, a extrema pobreza melhorou nesses países, o mesmo não ocorre no que se refere ao índice GINI, que mede o grau de desi- O programa Bolsa Famí- lia é reconhecido inter- nacionalmente, não ape- nas pela sua amplitude, mas também por seus resultados em alterar as condições de vida da po- pulação mais vulnerável.
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