Revista da ESPM

março / abril de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 93 poder não basta prestígio e esta- tura, é preciso ter meios para ter influência. Aos poucos teremos de trabalhar esse aspecto. Na verda- de, o Brasil tem grandes dilemas. O fato de ter reformas a serem feitas e sabermos qual é a lição de casa são fatores positivos, só que dependemos de pragmatismo X pol it icagem. Nesse sent ido, devo dizer que também me tornei mais otimista depois que comecei a observar a atuação da própria presidente. De fato, é possível notar algo novo nesse sentido e não é uma questão de vedetismo ou politicagem. Talvez você vá re- almente olhar as questões e tentar fazer algo com a questão tributá- ria, uma coisa infraconstitucional, mais pragmática, e que já farão um efeito enorme. Dá para ser muito otimista sobre a capacidade dessa configuração política, mas vai depender da sociedade, do empresa- riado, de ter propostas razoáveis. Veja a questão da China: precisamos dela enquanto não houver reforma. Só que ela também causa uma ameaça de tudo, mais cedo ou mais tarde, vamos ter isso. Como diz Henri Wa l lon: “Só se evolui quando há necessidade de se enfrentar problemas”. As próprias guerras provocaram saltos de qualidade impressionantes. Segundo o Tao Yin, “as civilizações podem nun- ca se formar. Mas aquelas que se formam são as que nos momentos difíceis conseguem se colocar em frente aos desafios e enfrentá- -los”. Estou convencido de que o Brasil tem tudo para enfrentar seus desafios. Falta também não ser pessimista e seguir os bons exemplos, como a banca brasi- leira e o sistema eleitoral do País – ambos figuram entre os mais modernos do mundo. Como é que 130 milhões de brasileiros votam e três horas depois dizemos para o mundo quem ganhou a eleição, com absoluta perfeição? Tenho professores assistentes que foram à França e aos Estados Unidos, a pedido do Superior Tribunal, explicar como funciona o sistema eleitoral brasileiro, porque lá não é assim. Isso demonstra que temos criatividade para chegar. SÉRGIO – Gostaria de saber do Mário Marconini, que há tempos tem representado o Brasil na área internacional, se o País está mais poderoso, endinheirado e presti- gioso perante o mundo. MARCONINI – Sem dúvida, pres- tigioso. Lá fora, existe uma euforia parecida com a própria euforia, em certos aspectos falsa, que tínha- mos internamente com o processo econômico até do governo ante- rior. Mas sem dúvida o prestígio aumentou porque o Brasil está muito presente e é demandado nos fóruns internacionais, na- turalmente. Uma coisa é você se presumir necessário − e houve um problema sério no último governo em relação a diversas arenas in- ternacionais, como a questão do Irã e de Honduras. Outra coisa é você ser chamado e ser você na OMC, por sua agricultura, sua área industrial e seus serviços. Na questão energética, por exem- plo, o Brasil é chamado à mesa de negociações, incluindo as mesas privadas, porque tem todo esse arsenal sujo ou limpo de energia. O prestígio do Brasil aumentou em virtude disso. Ele certamente está mais endinheirado, no sentido de que há uma atração natural. Temos visto isso no dia-a-dia. Hoje, há dois tipos de investidores: aqueles que já fizeram o Brasil antes e se machucaram e têm suas reticên- cias; e aqueles que são ignorantes sobre o que dá para fazer no País e felizes em poder começar alguma coisa aqui, estão endinheirados. A questão do poder é um pouco mais composta, porque para ter } O Brasil pode procurar um modelo de sociedade diferente que o torne admirável diante do mundo – diria até que já é, mas pode ser mais ainda. ~ } Essa ineficácia da máquina pública e a alta carga tributária geram uma quantidade de impostos que é absolutamente irracional. ~

RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx