Revista da ESPM
março / abril de 2011 – R E V I S T A D A E S P M 99 desenvolver produtos e soluções que vão funcionar para os consu- midores emergentes. Isso mostra que o “B” do BRIC é uma realidade. No pensamento das grandes cor- porações internacionais, o Brasil aparece com muita força e algo que é comum a toda população e ao mercado consumidor tanto do Brasil, quanto da Rússia, da Índia e da China: os componentes esté- ticos, que são muito semelhantes. Se você pegar as festas populares, são coloridas, tem muita gente na rua, muita música. Isso significa que a moda vai ser comum também a todos esses países. O consumo vem desses países, que têm uma forma semelhante de comprar. E aí o papel dos executivos brasileiros, à frente das estratégias para os mer- cados emergentes, é fundamental. E isso não tínhamos há cinco anos, porque a sede era em Miami. Hoje, os brasileiros são vanguarda no desenvolvimento de estratégia de negócios para o BRIC. GRACIOSO – Um comentário final. Houve uma exposição comemora- tiva da Independência Americana na segunda metade do Século XIX e Dom Pedro II a visitou. O New York Times publicou um editorial sobre essa visita com o título “A cidade que o Imperador vai ver”. Eles me- teram o pau em Nova Iorque, que naquela ocasião já era uma grande cidade em pleno crescimento. Mas o jornal não teve piedade e citou as ruas sem calçamento, o lixo amon- toado, os mendigos nas esquinas, alguns barracões que apareciam aqui e acolá. Os próprios ameri- canos não conseguiam, naquela ocasião, vislumbrar o que estava acontecendo em Nova Iorque. Não percebiam que era um ambiente, um organismo em construção mal acabado como tudo que está em construção, a energia explodindo pelas costuras. Não sei se nós, como o The New York Times , não estamos também sendo rigorosos demais na análise que fazemos sobre o nosso próprio país. Aqui, entramos relativamente tarde no caminho do progresso, a sinergia que estamos observando hoje, pró- pria de uma sociedade multirracial como é a nossa, só se fez sentir bemmais tarde do que nos Estados Unidos e na própria Argentina, mas é um organismo vivo cheio de energia que não liga muito para a própria aparência, não liga muito para aquilo que os outros dizem dele e segue em frente de qualquer maneira. Não precisamos de 30 anos, antes disso vamos chegar a algo bem mais acabado. SÉRGIO – Quero agradecer a todos. Para mim é um privilégio na minha vida profissional – esse ano com- pleto 50 anos e há 20 estou aqui. Já li muitos de vocês no meu trabalho enquanto fazia Ciências Sociais na Unicamp, e estar aqui também mostra que esse Brasil pode. Há 20 anos não imaginaria que pudesse estar nessa mesa − meu pai era pedreiro e minha mãe semianalfa- beta − e estou aqui, mediando uma mesa muito célebre. Isso faz toda a diferença desse País. Costumo dizer que, hoje, cada vez que saio do Brasil, volto mais brasileiro e vo- cês contribuem para esse caminho bonito. Muito obrigado! } Não sei se nós, como o The New York Times, não estamos também sendo rigorosos demais na análise que fazemos sobre o nosso próprio país. ~ ES PM
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