Revista da ESPM
ENTREVISTA | GUSTAVO LOYOLA REVISTA DA ESPM | OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRODE 2020 10 Revista da ESPM — Estamos viven- do em um mundo do avesso, com o di- lema da retomada dos negócios diante do aumento dos casos de coronavírus em todo o país. Como o senhor analisa o momento atual? Gustavo Loyola — Existe um cli- ma positivo no mundo inteiro em função da chegada das vacinas e da vitória de Joe Biden nos Estados Unidos, que antecipa um cenário menos turbulento nas relações in- ternacionais, dependendo do país. Existe um entusiasmo do mercado com a nova equipe econômica e a indicação de Janet Yellen (ex-pre- sidente do Federal Reserve) como secretária do Tesouro americano. Vivemos ummomento de otimismo. Basta ver o que está acontecendo com o dólar, que baixou para R$ 5,16, um patamar descomprimido em relação às altas anteriores. No Brasil, as perspectivas de controle da pandemia também são positivas, graças ao processo de imunização da população. Até o fim do primeiro semestre de 2021 já teremos público imunizado suficiente para a econo- mia funcionar de forma razoável. Isso não significa que a doença esta- rá controlada, nem que alguns cui- dados deixarão de ser tomados, mas estamos caminhando para a nor- malização das atividades. No curto prazo, o problema é que a segunda onda pode provocar o fechamento parcial da economia, antes que a vacina esteja consolidada no Brasil, o que irá gerar uma grande frustra- ção no país. Mas neste momento o importante é a preservação de vidas e o assentamento de alicerces sóli- dos para a retomada do crescimento sustentável. Revista da ESPM — Em outubro, o FMI projetou uma queda de 5,8% para o PIB brasileiro, enquanto o governo está trabalhando com uma redução de 4,5%. Que cenário o senhor projeta para o Brasil em 2020? Loyola — Tudo depende de como você analisa os números. O resultado absoluto indica um desempenho ruim da economia, com um grande encolhimento do PIB, que deverá registrar queda de 5%. Isso não é nada bomdo ponto de vista absoluto, pois indica a destruição de postos de trabalho e o aumento do número de desalentados, que deveriam estar inseridos no mercado de trabalho. Mas, do ponto de vista macroeconô- mico, foi um ano bom, se comparar- mos nosso desempenho com o resto do mundo. Em termos relativos, ao observar o que aconteceu no mundo, o Brasil se sai bem da crise. Nossa queda não será das maiores, porque o governo conseguiu pôr em prática — mesmo com todas as dificuldades e até alguns erros — programas que ajudaram a sustentar a renda das fa- Avançamos pouco na agenda da abertura da economia, na desburocratização e na simplificação dos processos, que são fundamentais para o aumentodaprodutividade shutterstock . com ExisteumclimapositivonomundoemfunçãodasvacinasedavitóriadeJoeBidennos EstadosUnidos,queantecipaumcenáriomenosturbulentonasrelaçõesinternacionais
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