Revista da ESPM
OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRODE 2020| REVISTADAESPM 11 mílias e também a mitigar o proble- ma das empresas durante este difícil ano. Os bancos privados, em linha com os programas do governo, con- seguiram renegociar créditos para muitas empresas e assim minimizar a queda do PIB. Revista da ESPM — A questão agora é o que fazer para retomar o crescimento da economia no pós-pandemia... Loyola — Sim. Tem essa fase em “V”, com uma curva que mais parece um “U” pelo longo período de ativida- de econômica deprimida. O grande problema é como alçar voo e gerar um crescimento significativo da eco- nomia, evitando assim outro voo de galinha. A questão é que desde 2017 temos apresentado uma certa medio- cridade em termos de crescimento na faixa de 1% ao ano. Em 2020, o Brasil havia acabado de sair da “UTI” e ainda não tinha tido alta, quando a pandemia chegou e o mandou de volta para a “Unidade de Tratamento Intensivo”. Revista da ESPM — Para 2021, a pro- jeção do governo é a de que o PIB cresça 3,2%. Já o FMI projeta uma retomada mais tímida, de 2,8% para o próximo ano. Considerando que a recuperação da economia depende da recuperação do emprego, principalmente dos for- mais, o que o senhor prevê para o ano de 2021 em um país com mais de 14,1 milhões de desempregados? Loyola — Um crescimento de 3% não é nada excepcional, apenas indica que estamos saindo desse vale, mas não garante que este crescimento seja sustentável. A grande questão é: saindo desse vale, como o Brasil vai crescer? Por isso é de vital im- portância o ataque aos problemas fiscais que o país tem. O déficit primário, face à pandemia, vai ser mais de 10% do PIB. O ano que vem, se nada for feito, teremos um déficit de 3,5% do PIB, com uma dívida pú- blica atingindo cerca de 95% do PIB no fim do próximo ano. É uma situa- ção delicada. O Brasil fez o possível para estimular a economia, com gasto fiscal forte — mais de R$ 400 bilhões —, mas partindo de uma situ- ação fiscal precária. Depois de três anos seguidos crescendo na faixa de 1% ao ano, conseguimos sair da for- te recessão provocada no governo da Dilma Rousseff. O país vinha se recuperando no governo de Michel Temer e no início do governo de Jair Bolsonaro. Mas sofreu o baque da pandemia. Agora, o desafio do mi- nistro Paulo Guedes é o de acelerar as reformas e pôr na trilha certa a questão fiscal para tirar o Brasil desse “V”. Caso contrário, corremos o risco de não registrar crescimento e ainda ter de enfrentar a volta da inflação. E não adianta tentar criar mecanismos efêmeros, que não se sustentam, para gerar crescimento de curto prazo. Resumindo: 2020 é um ano para ser esquecido e 2021 representa um ano para recomeçar! Revista da ESPM — Quais os maiores riscos da era pós-pandemia? Loyola — Um dos maiores riscos é derivado dos efeitos das incertezas sobre a taxa de câmbio. É necessário endereçarmos uma solução defini- tiva para a questão da pandemia. shutterstock . com Odesafio doministroPauloGuedes é o de acelerar as reformas e pôr na trilha certa a questão fiscal para tirar oBrasil desse ”V”
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