Revista da ESPM
ENTREVISTA | GUSTAVO LOYOLA REVISTA DA ESPM | OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRODE 2020 12 Também precisamos acabar com a incerteza da questão fiscal e investir na retomada das reformas. Guedes tem falado bastante a respeito de algumas iniciativas. Mas a verdade é que as relações entre governo e Con- gresso não andam bem. Há uma de- sorganização e uma confusão muito grande, com iniciativas dentro do próprio governo que vão contra as ideias de Guedes e sua equipe. O pre- sidente hesitamuito e jámostrou que não é fã de carteirinha de todas as ideias liberais de Paulo Guedes, o que deixa uma incerteza no ar. Revista da ESPM — Como o mundo corporativo vem reagindo à crise econô- mica e social do coronavírus? Loyola — Ninguém jamais havia vivenciado um período tão atípico como o ano de 2020. Foi quase que um clima de guerra. Todos tiveramde rea- prender a trabalhar. Tudo mudou, até a gestão da vida pessoal. A incerteza é comum a todos aqueles que tiveram de montar novos cenários regionais e setoriais para a tomada de decisões. Como ambientes de incerteza geram demanda por consultoria, a Tendên- cias não sofreu com a pandemia. Nosso departamento de pareceres econômicos foi muito acionado por conta dos impactos da Covid-19, das novas demandas contratuais e regu- latórias. Vamos fechar o ano melhor do que encerramos 2019. Rev i st a da ESPM — Como foi seu processo de adaptação ao novo cenário? Loyola — Assim como todo mundo, eu tive de me adaptar ao “novo nor- mal”. Mas o que sempre me deixou relativamente tranquilo foram dois pontos: primeiro, que faria o possível para não desobedecer aos preceitos da ciência, porque tenho uma fir- me crença na ciência; e o segundo ponto foi encarar o momento com otimismo em relação ao surgimento da vacina ou um tratamento eficaz para a doença. Isso ajuda a fazer essa travessia. Na Tendências partimos diretamente para o trabalho remoto, com todo mundo trabalhando de casa desde março. E essa experiên- cia tem sido bem-sucedida, porque nossa produtividade continua boa. Embora essa experiência de trabalho remoto tenha sido muito positiva, eu não acredito que o trabalho pu- ramente remoto seja a solução. A interação presencial é importante para formar a cultura da empresa e estabelecer relacionamento entre seus integrantes. Por isso, no “novo normal” pós-pandemia, acredito no surgimento de um processo misto de trabalho, que irá dosar a flexibilidade do trabalho remoto com os ganhos do presencial. Revista da ESPM — Quais as prin- cipais demandas das empresas mais afetadas pela pandemia? Um crescimento de 3%não é nada excepcional, apenas indica que estamos saindo do vale, mas não garante um crescimento sustentável. A questão é: saindo desse vale, como o Brasil vai crescer? Opresidente hesitamuito e jámostrouque não é fã de carteirinha de todas as ideias liberais dePauloGuedes, o que deixa uma incertezano ar shutterstock . com
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTY1