Revista da ESPM
OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRODE 2020| REVISTADAESPM 61 Pensar na diversidade e na inclusão é também traba- lhar para diminuir as diferenças, aumentar os acessos, o respeito, a dignidade e a empatia. É trazer à tona sen- timentos e, consequentemente, humanizar as pessoas. Isso é expresso pela grande quantidade de trabalhos de conclusão de curso na graduação de ciências sociais que de forma direta ou indireta abordamessa temática. Por fim, pensar nos aspectos das sociedades digitais, das questões da saúde e da doença, dos abismos sociais e da violência é pensar no consumo. Não pensamos o consumo somente associado aos bensmateriais. Consu- mimos também imagens, ideias, valores. Consumimos política, educação, modos de viver a vida. O consumo deve ser abordado pelas ciências sociais em sua forma mais ampla, coma filosofia, a psicologia, a antropologia, a sociologia, pelosmétodos quantitativos, pelas neuroci- ências. E repensar o consumo é também trabalhar den- trode uma engrenagemmuitomais propícia para propor soluções para nossos problemas sociais. Se antes pensadores jános diziamquenossas crianças erammais educadas pelapublicidadedoquenas escolas, agora, com a ruptura do processo educacional tal qual conhecíamos, para evidenciar o ensino on-line durante a pandemia, ficou claro o quanto devemos repensar o consumo de educação. Antes,também,umaparcelasignificativadepessoasnão ousava fazer compraspelosmeiosdigitaise tevedevencer estasdificuldades, paranãoseexpor aovírus. Issomudou significativamente os meios de adquirir as mercadorias. Consequentemente, os golpes digitais também cresce- ram. Obanditismosemostracadavezmais aperfeiçoado. As distribuidoras de sinal de internet nunca se viram tão requisitadas. Ea questãodademocratizaçãodo sinal, dosaparelhosedoacessonunca foi tãodebatida.Otráfego de dados nunca foi tão alto. Não eram somente as aulas e o trabalho. Os streamings, como Netflix, Prime, You- Tube, entre tantos outros. O videogame se joga on-line. Assim como as compras no supermercado, o atendi- mento médico e até mesmo os encontros de familiares e as festas entre amigos. Influenciadores digitais trabalharam muito. Assim como apresentadores televisivosmostraramsuas casas. Aplicativos de relacionamento e de comunicação por vídeo nunca foram tão baixados. Aplicativos demedita- ção, saúde e bem-estar, também. As pessoas passaram a fazer ginástica em suas salas de estar. Não precisávamos da pandemia para que isso tudo acontecesse, mas sim de mais tempo, talvez. Ela pode ser entendida como um processo catalisador. Eviden- ciou problemas que antes os cientistas sociais já estu- davame alertavam, mas que agora possuemumoceano de dados para dar de exemplo e aperfeiçoar seus estu- dos. E a sociedade, querendo ou não, está aprendendo a valorizar cada vez mais este profissional. Tiago Pereira Andrade Coordenador do curso de ciências sociais e do consumo da ESPM shutterstock . com shutterstock . com Adoramos nos manter conectados nas redes sociais, mas não estamos preparados para as consequências psicológicas e comportamentais deste processo Mesmo oscilando entre as dez maiores economias mundiais, o Brasil ocupa posição semelhante entre os maiores índices de desigualdade
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