Revista da ESPM

OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRODE 2020| REVISTADAESPM 73 Nossa trajetória coletiva emummundotransmidiático Cinema e audiovisual: como a ESPM está fazendo a diferença na formação de novos profissionais do setor Por Gisele Jordão E muma visita a uma festa popular, na cidade litorânea de Ilhabela (SP), há mais de uma década, tive a oportunidade de conhecer pesquisadores do cinema e audiovisual que me contaram algumas histórias sobre como a Compa- nhia Cinematográfica Vera Cruz, durante a filmagemde Caiçara (primeiro filme brasileiro produzido pela Vera Cruz, que foi lançado em1950, dirigido por Adolfo Celi, TomPayne e JohnWaterhouse, comprodução de Alberto Cavalcanti e totalmente rodado emIlhabela), havia inte- ragido coma população local e asmarcas que tal intera- ção havia deixado naquela comunidade. Naquelemomento (já, há tempos, profissional do setor das artes, ex-aluna e professora daESPM), foi quase inevi- tável colocar emdestaque a importância do audiovisual tanto para o espectador e a produção, o que já é sabido e divulgado, quanto para as comunidades que representa e com as quais interage, uma visão menos debatida. No desenvolvimento dessas filmagens, a produção da VeraCruzhaviacriadoexpectativasnoshabitantesda ilha quantoaos resultadosdofilmeque, apósosucessodaobra semreverberaçãoparaacomunidade,foramcompletamente frustradas.Issodeixoumarcas,vivasatéhoje,que,somadas aoprocessodeocupaçãodailhadepoisdachegadadabalsa, repercutememsuas festas popularesmais importantes. É curioso perceber que esta perspectiva (ainda) não é documentada oficialmente quando buscamos informações sobre o processo de produção de Caiçara . Os poucos documentos apresentam a importância da obra para o cinema e o audiovisual brasileiros, a difi- culdade dos processos, a representação da identidade brasileira, entre outras questões, mas passam longe de discutir a moral profissional envolvida nos processos produtivos. Diga-se, nemos pesquisadores que me con- taramas histórias apresentaramsob esta ótica. Parecia desconhecido para todos um valor que desde que me filiei à ESPM tornou-se um dos meus valores também. Fato é que foi interessante observar que a visão da ESPM, Escola da qual faço parte desde 1990, formou uma perspectiva de entendimento única, que põe emrelevo a dialogia entre produção e consumo e a responsabilidade de atuação profissional nos diversos ofícios das artes, da gestão, da comunicação e da criatividade. O olhar arrojado para omercado, assim como consta em nosso plano diretor acadêmico, é a nossa força na formação de profissionais. E tal filosofia resulta emdepoimentos comoode Flavia Paschoalin, bacharel empropaganda pela ESPMe sócia da agência cultural 3Apitos: “Sempre digo que estudar na ESPMme trouxeumavisãodemundo. Para trabalhar com cultura, foi muito importante entender que a estrutura- ção de umproduto — ainda que proveniente da demanda do artista em se expressar — precisa tambémencontrar seu público para que a experiência esteja completa”.

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