Revista da ESPM

JORNALISMO REVISTA DA ESPM | OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRODE 2020 88 o desempenho previsto no seu papel de entrevistador. Agora, o professor não estámais ao seu lado no estúdio, apenas assiste a sua entrevista posteriormente. As edições de matérias, que sempre contaram com a orientação de professores e colaboração de técnicos nos estúdios, passaram a ser feitas remotamente, e os alunos instalaramos softwares de edição nos seus com- putadores pessoais, tanto para vídeo quanto para áudio. Novos tempos Os professores das disciplinas de audiovisual, em reu- niões com os alunos, discutiram os novos formatos de programas possíveis de seremveiculados e começaram a investigar os recursos tecnológicos disponíveis para essas propostas. Outras provocações foramno tocante às pautas criadas. Obviamente, seria necessário se debru- çar sobre as questões relativas ao coronavírus. Entre- tanto, a fase inicial da pandemia, a situação emocional de todos e a pouca informação sobre a doença aponta- vampara umcenário complexo, emuitas barreiras pre- cisaramser ultrapassadas. Este cenário era comumaos jornalistas profissionais, que também estavam diante da mesma conjuntura. Assim, futuros jornalistas e jor- nalistas profissionais tiveram que, simultaneamente, ir em busca de informações sobre a doença. Entrevistas comespecialistas e pesquisas na internet sobre aCovid-19 passarama ser rotineiras, e asmatérias também precisaram de muita atenção. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em 16 de março, publicou um texto intitulado “Cobertura da Covid-19: dicas, conselhos e informações para jornalis- tas”, orientando os profissionais a utilizar dados daOMS edosCentros deControle ePrevençãodeDoenças (CDC), entre outras organizações, para buscar informações, a lidar com traumas e vítimas, a utilizar nomenclaturas corretas e a elaborar matérias sobre o assunto, o que denominou de “reportagemresponsável”. Entre as orien- tações para uma reportagem responsável, consta: evite manchetes “caça-cliques” e seja criativona apresentação. A Abraji ressaltou ainda a importância das medidas de proteção a seremutilizadas pelos jornalistas no caso de entrevistas ou coberturas presenciais. Orientações para jornalistas, mas também para estudantes de jornalismo, que passaram a seguir as indicações previstas para a veiculação de reportagens com segurança e conteúdo de qualidade. Dentro de um mesmo contexto, jornalistas profissionais e estudantes de jornalismo aprenderam juntos! Uma situação total- mente inusitada! Nessa nova configuração, os programas de audiovi- sual das disciplinas foramproduzidos emgrande parte ao vivo e com transmissão pelo Facebook da Agência de Jornalismo do curso. O telejornal “ESPMno Ar” con- tinuou ao vivo, mas diretamente das casas dos alunos. Assim, inovação e criatividade fizeramparte da produ- ção dessa nova transmissão. Foi tambémveiculado, pela primeira vez, o “ESPMno Ar emRede”, coma participa- ção de alunos dos cursos de jornalismo de São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro — uma proposta que estava sendo discutida entre as coordenações das três unida- des e que se tornou realidade, justamente no momento de distanciamento social. Notícias sobre a pandemia das três cidades foramveiculadas e comentadas por três alunos selecionados como âncoras e outros fizeram as reportagens. Uma proposta inovadoramuito bem-suce- dida e que recebeu elogios da audiência. É claro que tive- mos dificuldades e alguns problemas ocorreram, mas o importante foi a experiência que os discentes tiveram, pois é exatamente durante o curso que eles podemapro- veitar a oportunidade para experimentar, ousar e buscar fazer jornalismo de diferentes formas. A universidade é o espaço próprio para experimentações. Novas possibilidades As disciplinas teóricas e práticas trabalhadas, simul- taneamente, quer seja nos espaços laboratoriais e nos estúdios da faculdade, ou mesmo diretamente da casa dos alunos edos professores, como está ocorrendo agora, proporcionam aos estudantes grandes possibilidades para se fazer jornalismo de diferentes formas, com ino- vação, criatividade, pluralidade, ética e tendo sempre como norte o interesse da sociedade, principalmente nesse contexto de forte complexidade que vivemos. Deve ser observada a ação do professor para estimular o aluno a produzir, como também refletir sobre o que Aprodução jornalística profissional se alterou, com jornalistas produzindo de suas casas e utilizando instrumentos tecnológicos como suporte

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