Revista da ESPM
ENTREVISTA | PAULO SARDINHA REVISTA DA ESPM | JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO/ABRIL DE 2021 10 Revista da ESPM — Recentemente, o Fórum Econômico Mundial divulgou um relatório apontando as 96 profissões do futuro. De acordo com o estudo, as profissões do futuro podem criar 6,1 milhões de novas oportunidades até 2022. Mas o que apontam os estudos da ABRH no Brasil? Paulo Sardinha — Quando se trata de profissões do futuro, nós, da ABRH, temos insistido em dizer que o mais realista é pensarmos em algumas áreas que darão origem às novas carreiras. Ao pesquisar sobre as profissões do futuro, você verá que o Google apresenta uma série de listas repletas de cargos novos e nomes diferentes. Mas, quando analisamos algumas profissões do futuro que foram relatadas há quatro anos, a maioria delas não se concretizou. A cadeira de chief happiness officer, por exemplo, quanto tempo será que vai durar? O que muito provavelmente irá acon- tecer é que essa pessoa contratada vai acabar preservando os direcio- namentos da empresa e o cargo ganhará outra função. As empresas precisam saber contratar e avaliar o serviço entregue. Hoje podemos dizer que os jovens que optarem por profissões relacionadas ao concei- to de segurança nas nuvens terão um bom campo de atuação. Outra área muita valorizada é a da saúde. A vacina será uma fronteira, mas a crise causada pela pandemia do coronavírus trouxe outras questões à tona, como a democratização da área da saúde por meio do emprego da tecnologia. Mais do que prever qual será a profissão do futuro, nos- sa preocupação é formar as pessoas para desempenhar as funções que a sociedade do futuro irá demandar. Revista da ESPM — Como atender a essas novas demandas? Sardinha — Atualmente, as áreas de tecnologia, logística e comunicação estão muito valorizadas, assim como o novo conceito de ESG ( environ- mental, social and governance ). Logo, as empresas já estão precisando de profissionais que conheçam as boas práticas ambientais, sociais e de go- vernança para comunicar suas ações ao mercado e, principalmente, aos fundos de investimento. Daí a impor- tância de aproximar o mundo acadê- mico do ambiente empresarial para a construção de um currículo vivo, que possa ser atualizado na medida em que surgem novas demandas. O fato é que hoje os ciclos de aprendizagem estão cada vez mais curtos e com rá- pida obsolescência. Há a necessidade de acelerar as formações que darão origem às profissões do futuro. Na prática, quando uma tecnologia está emergindo, você já precisa ter um curso de formação para capacitar os profissionais para os novos ofícios. O problema é que falta proximidade entre a academia e o universo corpo- rativo. Alguémque entra na faculdade hoje corre o risco de ver a profissão escolhida perder valor ou até mesmo desaparecer durante os quatro ou cinco anos que passará estudando. Vivemos uma contradição no país: te- mos um alto índice de desemprego ao mesmo tempo que faltam profissio- nais qualificados para ocupar deter- minados cargos. Esta é uma situação que já se arrasta há 11 anos. E esse abismo tende a piorar nos próximos anos, justamente porque a área da educação não realiza umacompanha- mento rigoroso do que o mercado vai precisarmais adiante. Revista da ESPM — É exatamente essa parceria que a ESPMmantém com as empresas, o que nos permite atua- lizar a cada semestre o currículo dos nossos cursos, com base na demanda do mercado. Outra iniciativa que surgiu com base nesse posicionamento foi o ESPM LifeLab (ELL), um programa ba- seado no conceito de lifelong learning , que promove o desenvolvimento das tão desejadas soft skills — as competên- cias, habilidades e atitudes capazes de formar seres mais humanos, inusi- tados e mais bem preparados para o mercado de trabalho e para a vida. Sardinha — O caminho é esse. Hoje, as empresas estão mais disponíveis para investir em educação e par- cerias com as escolas de negócios, porque sabem que, em um futuro próximo, terão de repensar seu papel como investidoras da área e passar a trabalhar em conjunto com a comu- nidade acadêmica em busca de solu- ções. E este é um grande desafio para Hoje, as empresas estãomaisdisponíveispara investiremeducaçãoeparcerias comas escolas denegócios, porque sabemque, emumfuturo próximo, terãoderepensar seupapel nasociedade
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