Revista da ESPM
JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO/ABRIL DE 2021 | REVISTADAESPM 11 as universidades, porque em um futuro próximo cursos de cinco anos podem deixar de existir, por conta de uma defasagem no currículo. É preciso ampliar o olhar corporativo para a sociedade, porque o mundo do trabalho sofrerá cada vez mais com a falta de pessoas qualificadas. Vive- mos uma nova realidade! Por exem- plo: em1980, eu trabalhava na Xerox, que era considerada uma das mais evoluídas na prática de desenvolvi- mento pessoal. Na época, eu entrava na sala, fechava a porta e pensava apenas naquilo que acontecia no in- terior da empresa. Hoje, a agenda do profissional de RH é outra, pois ele precisa fazer uma leitura muito mais atenta e flexível sobre o que acontece na sociedade. Na ABRH, a orientação é para que as empresas invistam em projetos na área da educação, como promover assistência educacional e oferecer bolsas de estudo aos filhos dos empregados. Revista da ESPM — Muito se fala da falta de profissional qualificado no mercado. Mas é possível quantificar o tamanho dessa defasagem? Sardinha — Todo mês, cerca de cem mil novas vagas de emprego surgem no setor de tecnologia, mas não são preenchidas por falta de especialis- tas no assunto. Se considerarmos que todo mês são lançados aplicati- vos e softwares ou uma tecnologia atualizada na área de segurança, é como se o setor estivesse enxugan- do gelo, porque essa demanda só aumenta. O segmento está tão valori- zado que tem profissional em início de carreira ganhando mais do que muito diretor de multinacional. Revista da ESPM — De que maneira a pandemia do coronavírus potencializou a crise no mercado de trabalho? Sardinha — Temos quatro crises em curso no Brasil: a crise da vida, a crise da saúde, a crise da educação e a crise do trabalho. Emtodas as áreas,muitos profissionais que eram referência morreram por conta da Covid-19 e le- varam consigo todo o aprendizado ad- quirido ao longo da carreira, deixando um vazio nas empresas. Em paralelo, é como se tivéssemos atrasado o re- lógio biológico da educação de todo o mundo emdois anos, o que irá agravar ainda mais a crise do trabalho, que já existe hoje na forma de desemprego. Temos todo um processo de recupera- ção pela frente, que não será saneado apenas com a vacina e deverá durar cerca de três anos. A pandemia encur- tou as distâncias e acelerou os proces- sos em todos os setores da economia. Aquela ideia de permanecer 20 anos na mesma companhia foi varrida pela pandemia. O nível de empregabilida- de diminuiu e a mobilidade virou a re- gra do jogo. Nossos estudos mostram que o tempo limite de permanência de um profissional na empresa é de três a quatro anos. É esse ciclo, bem mais curto do que no passado, que leva o profissional a se reinventar, desenvol- ver novas funções e atuar em diferen- tes áreas ao longo de sua vida. Hoje, uma das perguntas que mais escuto é: como engajar o profissional? Engaja- mento é um objetivo da empresa, não do funcionário. Logo, a pergunta a ser feita é outra: o que meu plano de ges- tão precisa considerar, uma vez que o Os jovensqueoptarempor profissões relacionadasaoconceitodesegurançanas nuvens terãoumbomcampodeatuação SHUTTERSTOCK.COM
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTY1