Revista da ESPM

JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO/ABRIL DE 2021 | REVISTADAESPM 13 nas grandes empresas, indo procurar seu espaço em novas áreas. Hoje, essas startups são desejadas, porque têm flexibilidade e rápida capacidade de resposta diante dos novos desafios. Um bom exemplo é a Gupy, que criou um sistema de recrutamento automa- tizado e conquistou o mercado e um investimento de R$ 40 milhões. Na medida em que a inteligência artifi- cial avança, essas startups começam a tirar os empregos dos headhunters e das grandes consultorias. Revista da ESPM — Ultrapassando a esfera do emprego na direção de novos ofícios, qual será o futuro do trabalho e o trabalho do futuro? Sardinha — Como esse futuro será constituído por algo que não sabe- mos, é preciso estar atento e propen- so a lidar com as mudanças que já estão acontecendo. Com a pandemia, a noção de passado, presente e futuro foi completamente alterada: 2019 re- presenta o passado de ummundo que já não existe; o presente é marcado pela pandemia que começou em2020 e se estendeu para 2021; e o futuro significa um novo mundo, que todos esperam ver em 2022. Agora, temos dois caminhos a trilhar rumo ao futu- ro: podemos optar pela reconstrução de pontes com base no diálogo e na negociação, ou partimos para a judi- cialização. Hoje, existe a preocupação de que, com o fim da pandemia, uma série de conflitos virá à tona. Então, no futuro próximo, as profissões mais promissoras serão aquelas que contemplem habilidades de diálo- go e negociação para reconectar as pessoas. Além disso, muitos sairão dessa pandemia feridos, arranhados e carregando uma série de perdas e transtornos emocionais. Logo, as pro- fissões mais cobiçadas estarão nas áreas de tecnologia e humanas. Revista da ESPM — Em sua opi- nião, por onde devemos começar esse processo de recuperação do mundo pós-pandemia? Sardinha — Para avançar, vamos ter de construir e reconstruir mui- tas pontes, que foram arrasadas pela pandemia. Nos próximos anos, a capacidade de manter o diálogo será fundamental na reconstrução do mercado. Agora, se a sociedade não tiver condição de atuar em gru- po, vai ser complicado! E aqui faço um alerta: no início da quarentena, chegamos a acreditar na constru- ção de uma sociedade melhor, mais acolhedora e menos desigual. Mas isso não ocorreu e estamos tendo péssimos exemplos individuais. As pessoas estão agindo de maneira egoísta e desrespeitosa. Como al- guém que utiliza transporte públi- co se recusa a usar máscara para a segurança de todos? É inacredi- tável conceber essa ideia! E é esse tipo de comportamento que anula os vários protocolos de segurança e retorno estabelecidos. Tecnicamen- te, todos foram muito bem feitos, só que precisam ser seguidos. O que estraga o plano é essa relação indivíduo versus coletivo. Vivemos tempos de incerteza, em que não se pode perder o domínio sobre as questões mais nebulosas para não anular a base do concreto! E isso tudo vai depender muito do comportamento social coletivo! Ou seja: o que vem por aí merece mais reza do que torcida! Todomês, cercadecemmil novasvagasdeempregosurgemnosetor de tecnologia,masnãosãopreenchidaspor faltadeespecialistasnoassunto SHUTTERSTOCK.COM

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