Revista da ESPM

REVISTA DA ESPM | JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO/ABRIL DE 2021 76 R ICARDO BASAGL I A | PAGEGROUP 4As+3Cs=oDNAdo profissional do futuro! Ricardo Basaglia, da Page Group, apresenta o profissional do amanhã: “É um ser dotado de autoconhecimento, atitude, adaptabilidade e ambiguidade, que se ajusta aos novos tempos pelos 3Cs que provocam mudança — convicção, conveniência ou constrangimento!” Revista da ESPM — Levando em conta os impactos decorrentes da Co- vid-19, quais são as ocupações mais requeridas pelo mercado de trabalho nacional, atualmente? Ricardo Basaglia — Com a pande- mia, entra em pauta a capacidade do profissional em aprender e se adaptar aos novos tempos. Antes, a experiência na bagagem contava para você conquistar uma posição no mercado. Hoje, o grande desafio gira em torno dos 4As: autoconhe- cimento, atitude, adaptabilidade e ambiguidade. O que notamos é que as posições até então eram dese- nhadas de maneira isolada: finan- ças, marketing, operações... Agora, o desenho dessa estrutura está sen- do questionado, porque na vida real acontece tudo simultaneamente e o resultado aparece no atendimento, na qualidade, nos processos, no customer experience (CX). Revista da ESPM — Quais as soft skills do profissional do futuro? Basaglia — Nunca ouvi tantos pe- didos de empresas buscando por profissionais que tenham o famo- so brilho no olho e que queiram fa- zer a diferença nas empresas. Isso é um recorte do efeito Neymar, que marca essa nova geração: nas- ci talentoso e, por isso, o sucesso virá rápido e fácil. O resultado é que muitos jovens trocam de profissão a cada ano e meio, por considera r que não obt iveram sucesso no posto anterior. Mas es- quecem que dificilmente alguém tem sucesso antes de seis anos de carreira. Aqui, esbarramos na resiliência. Existe um elefante na sala e ninguém está falando dele: hoje, 91% dos profissionais são contratados por suas habilidades técnicas e demitidos por fatores comportamentais. Cerca de 60% das skills respondem pelo com- portamento do profissional, mas menos de 1% dos processos tratam de soft skills . O fato é que o tubarão vive da mesma forma há milhões de anos. Enquanto o ser humano mudou completamente seu estilo de vida nas últimas décadas. Mas continuamos reagindo a estímulos e circunstâncias da mesma forma que nossos antepassados e conti- nuamos fazendo nossas cruzadas como antes. Mas seguimos nos ajustando aos novos tempos por conta de um dos 3Cs que provo- cam mudança: convicção, conve- niência ou constrangimento! Revista da ESPM — Como institui- ção de ensino superior, o que nos cabe fazer para ajudar esse jovem a desen- volver essas competências? Basaglia — Formação não é ga- rantia de conhecimento e conhe- cimento não é garantia de resul- tado. E o que o mercado valoriza é resultado! O ingresso do jovem no mercado de trabalho está mais difícil, porque nunca se exigiu tanta experiência. Aquela histó- ria de que o profissional entrou como contínuo e virou presidente do banco vai ser cada vez mais difícil de ser contada. Até porque a tecnologia aproxima quem tem acesso a ela e distancia quem não o tem. Neste contexto, a educação superior precisa se posicionar como laboratório de estímulos para que cada um dos estudantes tenha a possibilidade de encontrar “91%dos profissionais são contratados por suas habilidades técnicas e demitidos por fatores comportamentais. Cerca de 60% das skills respondempelo comportamento do profissional, mas menos de 1%dos processos tratamde soft skills ”

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