Revista da ESPM
COMPORTAMENTO REVISTA DA ESPM | JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO/ABRIL DE 2021 82 Não! Que não deixemos de reconhecer as nossas obsolescências. Geralmente começamos por reconhe- cer que o nosso ferramental está obsoleto: máquinas e equipamentos, metodologias, sistemas e aplicações. E com isso travamos uma corrida em busca de ativos e processos que sejam mais modernos, eficientes, pre- cisos e tecnologicamente de ponta. Entretanto, dei- xamos de reconhecer a atrofia dos modelos mentais das nossas lideranças, que por vezes atravancam o processo de evolução de times, negócios e empresas. É provável que estejamos todos, em escalas de maior ou menor grau, experimentando essa travessia, mui- tas vezes com um pé na canoa e outro na margem, já prontos para alguns aspectos do futuro que estão por emergir, mas ainda resistentes emdeixar algumas das nossas obsolescências para trás. Observemos a variedade e a quantidade de tarefas mecânicas que estão incorporadas à grande parte das atividades e funções diárias dentro das atuais empre- sas: agrupar, selecionar, alterar, retornar, converter, distribuir, significar, definir, escolher, excluir, repetir, copiar, calcular, verificar, retornar, procurar, inserir, revisar, atribuir e tantas outras, próprias de comando, controle e repetição. Grande parte das empresas e modelos de negócios tradicionais ainda consideram um enorme contingente de pessoas para a execução dessas e tantas outras tarefasmecânicas do nosso coti- diano, que poderiam ser substituídas por robôs de bai- xíssima complexidade. E por que não o fazem?Que tipo de atrofia teimamemmanter, quando resistemà incor- poração de pequenos desafios de automação dentro de suas empresas? Desafios esses que minimamente tra- riamde imediatomais eficiência, precisão e velocidade aos seus processos, entregas e modelos de produção. Ora, se empresas estão sedentas por profissionais habilitados para o futuro, e ainda por cima sabem que na maioria das vezes haverão de investir nessa forma- ção inicial e de base, por qual razão ainda não estão investindo na transformação digital de suas tarefas mecânicas mais básicas? Talvez porque a transforma- ção digital não seja algo que aconteça unicamente no âmbito ferramental de empresas e negócios, e sim no tal mindset (mentalidade) das pessoas que compõem as empresas. Tenho o privilégio de trabalhar na maior empresa de serviços profissionais do mundo, a Deloitte, e estar próxima da realidade dos nossos clientes, observando não apenas seus desafios, mas sobretudo cocriando caminhos, discutindo sobre diferentes perspectivas e testando soluções. Sim, estamos cada vez mais exerci- tando os verbos “cocriar” e “testar”, porque a velocidade das transformações e das tecnologias mundiais nos surpreende diariamente e já não somos mais capazes de agir apenas a partir das soluções que outrora fun- cionaram. Alguns ajustes passam a ser diários, sobre- tudo quando os assuntos são mentalidade, inovação e transformação. Cientes de que os desafios que todos temos acerca do futuro de empresas, negócios e profissionais se apoiam na expansão de mentalidades mais conscien- tes, apostamos, ampliamos e investimos cada vezmais na nossa Universidade Corporativa — D.Influencers, umpilar sustentável para a criação de uma verdadeira cultura de aprendizagempara os nossos clientes e fun- cionários. Aqui temos amissão de privilegiar as tecno- logias humanas, de forma a expandir os talentos das pessoas, para que elas desenvolvam suas habilidades para a modelagem do futuro que intencionalmente querem construir. É possível que nesse momento estejamos nos per- guntando quais pessoas atendem e/ou atenderiam a esses novos postos de trabalho, que hoje nem sabemos ao certo quais descrições terão. Independentemente da sua idade, devemos exercitar cenários e probabilida- des futuras, de forma criativa, por meio da análise de dados somados à observação de comportamento das nossas sociedades. E ainda que não saibamos preci- samente sobre as prováveis funções técnicas de mui- tas das profissões do futuro, vislumbramos a urgente necessidade de sermos menos resistentes ao futuro que está emergindo. Reskilling — um convite urgente: • Para abraçar as novas tecnologias, explorá-las e criar valor a partir da combinação de pessoas e robôs em nos- sos times. Astransformaçõesnossurpreendem e jánão somosmais capazes de agir apenas apartir das soluções que outrora funcionaram
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