EDIÇÃO 123 | 2022 | REVISTADAESPM 15 o bem-estar na civilização, um livro que mostra que, a partir de um certo nível de renda, ganhar mais dinheiro não necessariamente gera felicidade. Em tempos difíceis, como os dias atuais, as pessoas são menos felizes? Eduardo — É difícil medir esse índice, principalmente após uma pandemia — quando os níveis de felicidade desabam, com todos inseguros, melancólicos e tolhidos. Empiricamente, o que sabemos é que países que tiveram crescimento forte em sua renda per capita, não observaram aumento no bem-estar subjetivo da população. Durante muito tempo, economistas trabalharam com a hipótese de que, quanto mais se ganha, mais feliz será. Mas não é o caso. Essa correlação estreita entre renda per capita e grau de felicidade simplesmente não existe! O uso correto do tempo, as relações pessoais e o ambiente institucional afetam demais esse índice de bem-estar subjet ivo. Em relação à idade, a curva da felicidade é muito curiosa: começa apontando que os jovens são mais felizes, depois cai, faz um U na meia-idade e, por volta dos 50 anos, começa a subir novamente. E esse movimento em U é verificado em diferentes contextos no mundo todo. Então, quem está passando pelo “vale da meia-idade”, não se desespere, porque é uma fase que vai passar! Filhos pequenos, pais idosos, preocupação com aposentadoria... émuita ansiedade que depois passa e a pessoa fica liberada para voltar a aproveitar a vida! Revista da ESPM — Quando lançou o Elogio do vira-lata, você afirmou que “não ter pedigree” é um caminho civilizatório tão válido quanto os trilhados por sociedades tidas como exemplos de desenvolvimento. A regra continua válida? Eduardo — Sim, e voltou com força total neste período pós-pandemia. O verdadeiro complexo de vira-lata é a ideia de que há algo errado em ser vira-lata. Isso é o que somos: uma mistura de raças que nos tornam únicos. Espontaneidade, capacidade de improvisação e alegria de viver são atributos da nossa condição de vira-lata que precisamos saber valorizar e não nos envergonhar disso! É por isso que digo: entre o dobermann da polícia e o poodle da madame, eu prefiro ser vira-lata! Revista da ESPM — Para finalizarmos esta entrevista, que mensagem você gostaria de deixar para os jovens que estão começando a trilhar sua carreira no mercado de trabalho? Eduardo — Estudem e sonhem! Afinal, nada neste mundo vem sem trabalho! Por mais talentosa que a pessoa seja por dotação genética, se ela não trabalhar, isso não frutifica. Como professor por mais de 20 anos, vi pessoas que tinham tudo para ter muito sucesso na vida, mas que, por falta de disciplina, trabalho e compromisso, se perderam! Assim como conheci outras que não eram tão talentosas naturalmente, mas que, por empenho, persistência e perseverança, construíramgrandes projetos! Estudemesonhem!Afinal, nadanestemundovemsemtrabalho! Pormais talentosaqueapessoasejapor dotaçãogenética, seelanão trabalhar, issonão frutifica. SHUTTERSTOCK.COM
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