Revista da ESPM - STE-OUT_2011
s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 – R e v i s t a d a E S P M 101 ção: capacidade de comunicação, capacidade de expressão, espírito de colaboração, criatividade, inovação e tantas outras. Igualmente em xeque está o molde dos vestibulares: questiona-se mais e mais a eficácia de seus métodos de seleção para o mercado. Nas empresas, vem crescendo consideravelmente o número de cargos nas áreas de desenvolvimento humano, negócios sociais, sustentabilidade. Ou seja, o reconhecimento da personalidade, dos atributos pessoais e da visão de mundo do indivíduo passou a influir desde os seus primeiros passos na vida profissional. Essa concepção holística é ilustrada por pensadores contemporâneos como KenWilber, em sua Visão integral e Fritjof Capra, no Pensamento sistêmico . Anãoacompanhar essefluxo, aescola severápro- duzindo alunos frustrados, incapazes de alcançar as metas do modelo tradicional; terá aberto mão de perceber e cultivar as principais capacidades desses jovens. Urge, portanto, lançar um olhar mais abrangente sobre o que é o rendimento . Quebra de paradigmas na estrutura familiar Asextaeúltimamacrotendênciadonossoprojetoé a Reconfiguração do núcleo familiar . As famílias têm diminuído em tamanho; o divórcio já não é tabu; pais separados já se acostumarama conviver com filhos dos casamentos anteriores de seus novos cônjuges. A quebra de paradigmas na estrutura familiar gera, é bem verdade, conflitos e descon- fortos, os quais por sua vez são capazes de instigar novas forças que impulsionam a adaptação. Revela-se também a adaptação no número cres- cente de uniões estáveis não oficializadas, na aceitação social e legal das uniões homoafetivas e na completa integração da mulher ao mercado de trabalho. Por exemplo, o fato de a mulher dis- por de menos tempo para conviver com os filhos reposiciona a figura do pai, antes mero provedor solitário de recursos financeiros, hoje partícipe maispresentedocotidianodosfilhos.As ansieda- des quanto ao tempo e ao carinho dedicados aos filhos fazemàs vezes comqueessespaisbusquem compensar a culpa que ressentem terceirizando à escolaa transmissãoaosfilhosdos valoresbásicos, o que pode constituir fator de atraso no amadure- cimento dos jovens. Os jovens, por sua vez, para proteger-se da exclu- são e da solidão que temem, adotam o recurso de fechar-se em seu universo interior, o que resulta numverdadeiro boom da individualização. Énesta lacuna que entra a escola, que deve assumir-se como principal espaço de socialização dos jovens. Suas estruturas física e humana ganham rele- vância na promoção de um ambiente de convívio sadio, agradável e criativo. O professor passa a exercer a função ampla de educador, responsável não apenas por conteúdos acadêmicos, como também pela transmissão de princípios e valores éticosemorais. Emresumo, aescolapassaaserum importantepontode interseçãoentrepais,mestres ealunosedevedesenvolvervisãomaispanorâmica de suas responsabilidades formativas. O trabalho focado na educação procura suscitar novas perguntas. Procura incitar as pessoas a perceberem, na prática, o porquê de estar a Educação na lista dos principais desafios para o futuro. Educar é hoje mais que ensinar. É formar, multiplicar, descobrir, levandoemcontasociedade, tecnologia, meio ambiente e outros fatores que permeiam este artigo. Gostaríamos que estudos como o que fizemos pudessem pertencer ao mundo. Seria nosso voto que servissem de base para que não só o Colégio Bandeirantes, mas todas as escolas se alinhassem mais emais aoprocessodecocriaçãodeumfuturo mais responsável, sustentável, Humano. LOURENÇO BUSTANI Sócio-fundador da Mandalah, boutique de ino vação consciente sediada em São Paulo, com escritórios em Nova York, Tóquio e na Cidade do México. (www.mandalah.com / www.facebook. com/mandalah) O artigo foi editado por Aluizio Falcão Filho , jornalista, publicitário e escritor. ES PM
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