Revista da ESPM - STE-OUT_2011

R e v i s t a d a E S P M – s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 110 NOTA 1. Naish, John. Chega de desperdício . BestSeller editora, 2008. Página 29. SILVANA GONTIJO Jornalista, escritora, pesquisadora e especia- lista em midiaeducação. Atualmente preside a OSCIP planetapontocom. Qual de nós consegue se livrar dessa compulsão? Quantas vezes, me vi trabalhando o dobro só por não resistir a dar uma olhadinha no e-mail quemeu poderoso celular Android recebeu eme avisou, contendo anexos que ele me permite ler, ouvir ou ver; ou ainda editar, corrigir e aprovar ou recusar? Quando me dou conta, estou dispa- randomensagens, ligandoparapessoas e fazendo encomendas nas horas mais inadequadas sem sequer me dar conta de que o outro pode ter ou- tras prioridades, como simplesmente descansar. Voltando à educação do futuro, a única certe- za que tenho é a de que precisamos repensar tudo. A escola precisa rever suas práticas para formar cidadãos autônomos, críticos e capazes de atuar com criatividade e desenvoltura nesse cyber - mundo da sociedade da informação. Sim, porque, nesse circo polifônico, polifórmico e po- licromático, nossos sentidos são apropriados por umamiríadede estímulosmuitomais instigantes doque a experiência convencional da salade aula. E aí coloco mais algumas questões. Por que será que nossos estudantes preferem as redes sociais, os games , e outros dispositivos às salas de aula? Essa é a questão a que estamos tentando res- ponder partindo de um novo pressuposto: mais do que saber falar e dar uma “boa” aula, nossos profissionais da educaçãoprecisamUrgentemen- te aprender a ouvir. Só assimpoderão entender o que captura a aten- ção de seus aprendizes e incorporar, às suas prá- ticas, as experiências que despertam o interesse e ocupam o tempo dessa audiência. Midiaeducaçãoéodesenvolvimentodo trabalhoeducativopeloestudoeanálise dosconteúdospresentesnosdiferentes meios e suas linguagens, utilizando-os como ferramentas de apoio às ativida- des didáticas e produzindo conteúdo curricular, e com os meios, tanto para sala de aula como, também, para edu- cação a distância. apelos para chamar e prender nossa atenção. A mobilidade potencializa esse fenômeno atordoante que é o de processar e hierarquizar essa abundância de informações. E qual vem sendo a nossa reação instintiva para solucionar a desorientação que resulta dessa balbúrdia? Perdidos e inseguros, somos compelidos a buscar mais informação que nos ajude na tentativa de dar algum sentido à confusão. O neurocientista David Lewis, que há mais de 20 anos desenvolve dispositivos para estudar como o nosso cérebro toma decisões, em 1996, identificou uma nova doença social que, com a sutileza do humor inglês, chamou de “Síndro- me da Fadiga de Informação”. Segundo John Naish, o jornalista inglês que evitou a síndrome jogando fora o celular, “pesquisadores daLondon University relatam que os efeitos do excesso de comunicação podemsermais perturbadores que os damaconha. Alegamque quatro pontos deQI são subtraídos temporariamente ao se fumar um baseado. Porém, o simples fato de estar numa situação de poder enviar mensagens e e-mails é capaz de comprometer nadamenos que dez pon- tos deQI do cérebro – algo similar à perturbação mental causada pela perda de uma noite de sono. O estudo diz que isso acontece porque a concen- tração fica exaurida ao se sentir constantemente compelida a parar e checar a caixa de entrada. [...] isso significa que estamos perdendo produti- vidade ao checar mensagens que, supostamente, deveriam elevar a produtividade.” 1 ES PM

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