Revista da ESPM - STE-OUT_2011
s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 – R e v i s t a d a E S P M 113 o e fato estamos vivendo em um tempo onde tudo envolve tecnologia, interfa- ces , comunicaçãoe informação. Atodo instante interagimos com estas máquinas que se dispõem a nos prestar tarefas subservientes embaladas empromessas de ummundomelhor. Mas qual seráoefeitodas tecnologias sobrenossa forma de pensar? Como nosso cérebro reage a esse crescente número de interfaces tecnológicas que nos afastam, de maneira contundente, da Savana Original? Os efeitos da tecnologia sobre nossa forma de pensar e educar promovem uma reflexão sobre o próprio papel da educação em nossa socieda- de. É notória a origem industrialista da escola, assim como a conhecemos, com suas divisões de classes, normatização de aprendizado, horários rigidamente cronometrados e a sirene fabril para as trocas de turno. Concebida em um contexto de profundamudança promovida pelaRevolução Industrial, aescolacontemporânea tinhaobjetivos clarosdeeducar segundoumanova formadecon- ceber o mundo, seguindo os preceitos da fábrica. Entender os efeitos das novas tecnologias em nosso cérebro, e como elas podem interferir com a educação, passa pela compreensão da nova revolução imposta nos últimos anos, aRevolução da Tecnologia da Informação e Comunicação. A escola do futuro será aquela que melhor se adaptar a esta nova forma demundo, permitindo o desenvolvimento das potencialidades que hoje sãomandatórias.Grandepartedanossa críticaou aprovaçãoparaumnovomundodepossibilidades tecnológicas passa pela compreensão da quebra deparadigmasqueacivilizaçãohumanapromove hoje. A fábricamorreu, e ainda estamos tentando entender quem é sua herdeira. Enquanto ciências neófitas, as neurociências fo- ramconstituídas tambémemumcontextodepro- fundamudança, graças às descobertas de comoo cérebro funciona. É justamente a possibilidade de verificarmos alterações oumesmo promovermos intencionalmente mudanças no cérebro, que faz das neurociências uma das ferramentas mais interessantes para entendermos e refletirmos sobre o futuro da escola e da educação no novo mundo digital. Em um artigo escrito na revista Neuron de se- tembro de 2010 por Dephne Bavelier, C. Shawn Gree e Matthew W. G. Dye, pesquisadores nas Universidades deRochester,Minnesota e Illinois, respectivamente, os autores discorrem sobre a importância de avaliarmos as respostas cerebrais dentro de um contexto adequado, em relação ao uso de tecnologias. O paralelo que os autores fazem sobre as perguntas que devem ser feitas comrelação à influência da tecnologia no cérebro é o mesmo que fazemos sobre a influência da alimentação em nosso estado físico. Senosfizéssemos essapergunta, compreendería- mos que a qualidade e quantidade são essenciais para verificarmos os impactos da alimentação na saúde.Omesmopoderia ser dito sobre a tecnolo- gia. Entender sua influênciaé tentar compreender, do ponto de vista qualitativo, (qual tipo de tec- nologia e conteúdo), e quantitativo (quantidade do tipo de conteúdo que eu absorvo), como o nosso cérebro funciona e se altera quando somos expostos às mídias digitais. Estudos sobre a influência da tecnologia na edu- cação seaplicamaqualquer tipode interface ligada ao consumo de informação e entretenimento. Uma das mais antigas tecnologias que influen- D Podemos definir o conceito de interface como o conjunto de meios planejadamente dispostos, sejam eles físicos ou lógicos, com vista à adaptação entre dois sistemas, cujo objeto final possui características de ambos. O conceito pode ser exemplificado por um relógio, cujo fim é contar um tempo, e uma dinamite, cujo fim é causar uma explosão. Após a adaptação dos sistemas, ou após interfaceados , o usuário obterá um sistema conjugado cujo fimé causar uma explosão num tempo determinado.
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