Revista da ESPM - STE-OUT_2011
R e v i s t a d a E S P M – s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 12 GRACIOSO – Recentemente, a revista Época publicou um estudo, cuja tese central é o pensamento de que, por um lado, a maioria reconhece que é preciso mudar a educação, incluindo critérios e valores parecidos com os que você defende no seu livro: intuição, imaginação, criativida- de e ética. Entretanto, cada vez mais, os países são obrigados a competir entre si e não há mais possibilidade de nos con- tentarmos com o pico no mundo, ou seja, temos sempre de pensar no que o vizinho do outro lado do Atlântico está fazendo. Mas, nos concursos que a ONU promove, os países que estão na vanguarda − como China, Taiwan e Finlândia – incentivam o ensino à moda antiga, tradicional, disci- plinador e competitivo. CARLOS – É preciso avaliar que competição é essa. A competição pode ser imediatista em função de ganhos rápidos ou voltada à criati- vidade, ao brilho de uma atividade profunda. GRACIOSO – No caso, a competição seria medida em termos do conhecimento que você consegue pôr na cabeça do aluno. J.ROBERTO – No seu livro tem um capítulo que fala sobre o conceito de competição e agressividade. Volta e meia lê-se que um estudante japonês se matou porque foi reprovado ou ainda que a menina ficou doente de tanto estudar. Há um sentimento de que só vale aquele que chegar em primeiro, no máximo, em segundo lugar. O terceiro colocado já recebe vaias. Isso parece estar presente mesmo na nossa própria escola, nas faculdades e no ensino médio. Como você avalia esses ingredientes? CARLOS – Depende muito dos valores aplica- dos. É preciso avaliar se a proposta é de uma educação integral − focada nos quesitos de moral, emoção e bem-estar − para o ser hu- mano, porque o conceito de felicidade é impor- tante. Recentemente, assisti a um video-livro sobre o Butão, um país que legaliza e exige nas escolas a busca da felicidade. Há delegacias para receber as pessoas e instruí-las, e, até mesmo, para repreender os vizinhos que estão atrapalhando a felicidade ou dos pais que não professam a busca da felicidade. Para a autor- realização do ser humano é preciso incluir na educação a busca por bem-estar, felicidade e plenitude. Muitas vezes, um aluno passa no vestibular, faz o curso universitário, a pós, o mestrado, o doutoramento e em momento algum estuda como ele vê o mal na sociedade, a felicidade e o bem-estar do outro, ou seja, se ele tem alguma empatia em perceber a fe- licidade do outro a quem ele vai dar o saber, a profissão. Existe uma alienação existencial muito grande entre os valores buscados, os diplomas, a erudição e o humanismo. Como o humanismo vem desde o Renascimento, ele traz para o Ocidente valores importantes, que foram fixados para trás com essa competitivi- dade enorme dentro do nível da erudição. Por isso no livro chamo a atenção para a emoção, para aquilo que a pessoa está sentindo, é a teo- ria de Jung, do Processo de Individuação: a au- torrealização emocional durante a vida. Nós, que buscamos análise e autoconhecimento, prestigiamos muito essa busca no trabalho dos símbolos, do conhecimento dos sonhos. Nas } Se estamos tratando de Educação do Futuro, é preciso falar da Imaginação Alucinatór ia Com- putador izada, que é a grande f rontei ra. ~ E N T R E V I S T A
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