Revista da ESPM - STE-OUT_2011

De todos os grandes pensadores gregos, Aris- tóteles foi quem mais influenciou a civilização ocidental. Sua importância no campo da educa- çãoégrande,porém,demodo“indireto”.Poucos de seus textos específicos sobre o assunto chegaram aos nossos dias. A contribuição de Aristóteles para o ensino está, principalmente, em escritos sobre outros temas como a lógica, ética e filosofia. Foi também Aristóteles quem criou o Liceu ateniense, atraindo um grande número de alunos. Tantos, que foi necessário estabelecer normas complexas, para a manu- tençãodaordem.Contudo,nãohaviaumarígida imposiçãodadisciplina.Aristótelesdefendiaque a virtude moral e o caráter também devem ser ensinados, considerando que tais atributos não eram inatos no ser humano. o m princípio parece atrevimento: dois pesquisadores, com origem em mercado , discutirem um tema tão profundo e relevante como o do título deste artigo. Mais ainda se consideramos que este tema é hoje discutido por grandes especialistas emEducação e que o artigo é para a Revista da ESPM , Escola em relação à qual reputamos referência. Mas, talvez, possamos, justamente pela nossa posição, agregar um olhar novo (o já velho “um olhar novo”) à questão que nos foi apresentada. Porque antes de pesquisadores de mercado , de fato, estudamos comportamento humano . E o humano estudante a que nos referimos neste artigo não é diferente do humano jovem ou do humano consumidor ou do humano receptor da co- municação , que estudamos nos diferentes projetos nos quais estamos envolvidos. De fato, é justamente nesta visão fragmen- tada da sociedade e dos indivíduos que re- side um dos núcleos da questão. Cada qual lê o mundo à sua volta, a partir da sua ótica, do seu núcleo de interesse e da sua ativida- de, sem considerar o óbvio: somos todos um só. O estudante, o consumidor, o cliente, o receptor das atividades de comunicação das E empresas, o professor, o RH das empresas são antes indivíduos . E se compreendermos melhor os indivíduos (os seres humanos), talvez possamos compreender melhor o Futuro da Educação, para esses indivíduos . Para embasar nossa análise e pensamentos, entrevistamos professores, RH de empre- sas, psicólogos e estudantes (adolescentes, graduandos e formados), cujo detalhamento expomos em apêndice, ao final. Quando ninguém entende ninguém Os professores têmodiagnósticopronto: “eles (os alunos) não têminteresse, estãomais descompro- missados, mais dispersos e desatentos”. PARA PENSAR: os alunos não têm interes- se, estão descomprometidos ou os professo- res, admiradores do método aristotélico de ensino, não são capazes de captar a atenção desse jovem ativo, dinâmico, multiconectado e multifuncional ? As empresas também têm o seu diagnós- tico: ao recrutarem trainnes ou mesmo profissionais, além da capacidade técnica para executar a função (considerada de menor importância porque são facilmente transferíveis), utilizam critérios de seleção que avaliam as competências subjetivas, tais como: “equilíbrio emocional, postura, espírito de equipe, capacidade de improvi- sar soluções, visão estratégica, capacidade de liderança etc. E são claras e decisivas ao nos falarem das suas experiências: na ausência das competências subjetivas acima mencionadas, frequentemente, defrontam-s e com c a nd idatos: “i nd i v idua l i s t a s , imediatistas, ansiosos, que não sabem se comunicar, com dificuldade de expressão pessoal, sem visão sistêmica, sem capa- cidade de conexão de diferentes assuntos R e v i s t a d a E S P M – s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 20

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