Revista da ESPM - STE-OUT_2011
mental tecnológico e on-line dos dias de hoje, além do que, sua mística foi destruída pela evolução do mundo: “eles não são mais os detentores do conhecimento, são no máxi- mo (quando conseguem) ser os condutores na busca de...” E depois como competir (capturar a atenção) com o mundo digital performático e mutante, quando você se encontra ali, estático, falando, falando, falando com recursos aristotélicos? Será que, então, a Educação do Futuro deve- ria preparar e instrumentalizar o professor para o universo digital multimídia, onde somos todos sujeitos e objetos? Certamen- te será necessário (um professor neófito no universo digital é um rato na mão dos alunos), mas não suficiente. Obviamente, se as empresas estão modi- ficando suas estruturas de comunicação (meios, conteúdos e formas), para con- seguir estabelecer links relevantes com os consumidores, a Escola do Futuro não existirá pairando sobre a realidade e terá, também, de aprender a se comunicar com seus stakeholders : alunos e empresas. E se comunicar em estradas multidirecionais porque foi-se o tempo em que a escola era o “Templo do Saber” no qual todos nós bebíamos. Hoje a escola e os professores, em melhor dos casos, podem ser os “Con- dutores ao Saber”. Mas... a questão é de outra ordem. A ques- tão é: que Educação queremos? Começando do f im para o começo. As empresas querem sim profissionais que estejam capacitados tecnicamente para as funções que devem desempenhar, mas, como nos disseram, em um processo de seleção onde dois candidatos demonstrem as mesmas habilidades técnicas, a decisão se dará por aquele que demonstrar o melhor conjunto de capacidades subjetivas, as já mencionadas: “equilíbrio emocional, es- pírito de equipe, capacidade de improvisar soluções, visão estratégica e capacidade de liderança”. Sintetizando, as empresas buscam: Profissionais tecnicamente preparados. Seres humanos sociais pensantes (tradu zindo: indivíduos que se preocupam com o outro, com a equipe, interagem em grupo e refletem diante do problema na busca da construção da solução). Claramente, o MEC, ao estabelecer um currículo único, obrigatório para todos, em todos os níveis escolares, fez uma opção conceitual voltada a preparar “profissionais tecnicamente preparados”. O discurso ex- terno pode até estar travestido de conteúdo mais nobre, mas o estabelecimento de um currículo único obrigatório mata qualquer nobreza. Reduz a escola a uma produtora de técnicos , melhores ou piores, mas técnicos que passaram pela mesma carga de infor- mação estabelecida pelo “grande irmão” como sendo a necessária para se formar. Uma pequena lembrança pessoal: minha filha, uma designer gráfica, fazendo um curso de comunicação em uma boa escola, tendo de assistir a aulas de contabilidade na sexta-feira à noite, porque fazia parte do currículo do MEC. Um crime, eu definiria, se me fosse pedido uma opinião. Temos então, de um lado, a sociedade, através dos empregadores futuros, buscando profis- sionais mais completos, que tragam duas características. De outro, temos a escola, atendendo à demanda do “grande irmão”, produzindo candidatos mancos a empregos futuros, porque não atendem a uma das dimensões requeridas. E, no meio desses dois lados (escola e socie- dade), debatem-se professores e alunos. Os M. Dueñas
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