Revista da ESPM - STE-OUT_2011
primeiros querendo e precisando cumprir o currículo escolar do ano (precisam ticar todos os temas). Os segundos gritando si- lenciosamente que aquilo não é suficiente. O desinteresse é o retrato maior de que estamos ensinando algo que não basta, não é suficiente, não alimenta a alma. A técnica é facilmente reproduzida e apreendida via um podcast . Ela dispensa Aristóteles. Mas “seres humanos sociais pensantes” não se formam com podcasts O que queremos? Este é o núcleo da questão ao mesmo tempo que ultrapassada. Clara- mente, as entrevistas que realizamos com RH das empresas, com os alunos, psicólo- gos e mesmo professores, mostraram que essa questão está ultrapassada. Não se trata mais do que queremos. Trata-se do que precisamos fazer. Trata-se do que a sociedade cobra que façamos: preparar “seres humanos sociais pensantes” capazes de, repe- tindo, “equilíbrio emocional, espírito de equipe, capacidade de improvisar soluções, visão estra- tégica e capacidade de liderança”. A escola do futuro Nos concentraremos aqui não em falar sobre o que hoje já é feito. Sobre como os técnicos são formados. Essa dimensão está equacionada nas melhores escolas. Também não nos concent ra remos nos elementos norma lmente presentes nas discussões sobre a Escola do Futuro: ensino a distância, uso da tecnologia em sala de aula, incorporação de notebooks em salas de aula etc. Esta é apenas uma discussão sobre formas e/ou ferramentas para a transmissão do conhecimento. Antigamente havia um local físico para onde todos tinham de ir. Nesse local tinha uma lousa, um professor e giz. Troque o lugar físico pelo ensino a distância, o giz pelo notebook , a lousa pelo projetor multimídia. Detalhes de formas e ferramentas. Nada além disso. Nos concentraremos no que aprendemos ser necessário para formar “seres humanos sociais pensantes”. Parece que a Escola do Futuro, indepen dente da(s) disciplina(s) técnica(s) na(s) qual(ais) está focada, deveria ser capaz de: Estimular o pensar, quando toda a in- formação nos chega pronta. A configura- ção dos cursos precisa ser repensada para ancorar-se (esta é a palavra: ancorar-se ), em disciplinas que dão sustentação ao conheci- mento humano: Filosofia (principalmente), Sociologia e Antropologia. Resgatar a compreensão do significado da vida social, via disciplinas que permitam a formação ética da civilidade , cidadania e, por que não dizer, do caráter . Capacitar os indivíduos para entender a própria espécie, ou seja, precisamos com- preender humanos e relações humanas (eventualmente a Psicologia aqui pode ser uma boa ferramenta). Está emvoga a capacidade demover-se por diferentes áreas, assimilar situações novas e trocá-las constantemente. Ca- racterísticas essas, adotadas como um novomolde, aplicado à formação escolar, para atender às expectativas dos em- pregadores. Tal situação nos aponta os reflexos desses novos valores sociais, onde os alunos apresentam um compor- tamento cada vez mais inquieto em sala de aula, são tidos como dispersivos, com a atenção multifacetada e portadores de umexcesso de informações não filtradas. Na dúvida entre educá-los ou agradá-los, muitas escolas têm patinado, sem fazer nem uma coisa nem outra. s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 – R e v i s t a d a E S P M 23
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