Revista da ESPM - STE-OUT_2011

s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 – R e v i s t a d a E S P M 37 tronco cerebral. Os impulsos provenientes dos sentidos (com exceção do olfato) são primei- ramente nessas duas áreas (que, como já foi visto, são áreas primitivas na escala evolutiva, visam garantir a sobrevivência do indivíduo e moderam as emoções). Esta é a primeira surpresa que o modelo nos reserva: tudo o que falamos e demonstramos aos nossos alunos, antes de chegar às áreas racionais do cérebro, é filtrado pelo seu conteúdo emocional e é qualificado de acordo com a sua importância para a sobrevivência física da pessoa. Por esse motivo, a maior parte de tudo o que os nossos sentidos captam durante um dia de atividades é simplesmente desprezada pelo registro sensorial. A parcela de registros que ultrapassa essa primeira barreira é enviada ao córtex cerebral, que é a camada que recobre o cérebro, onde são processados em áreas relativamente espe- cializadas (em registros visuais, motores etc.) e chegam às áreas responsáveis pela memória de curto prazo, ou memória temporária. Até recentemente, não se tinha conhecimento de que a memória de curto prazo, na verdade, era composta por duas regiões de memória, a memória imediata e a memória de trabalho. A primeira dessas áreas, a memória imediata, somente retém informações por cerca de 30 segundos e serve como apoio a uma tomada imediata de decisões. Um exemplo de fun- cionamento dessa memória é a retenção de um número de telefone somente pelo tempo necessário para fazer a chamada. Ainda du- rante a chamada, já esquecemos o número discado e teríamos de consultá-lo novamente para repetir a proeza de digitar a sequência correta uma vez mais. A regra portanto é a seguinte: tudo o que não for importante para MEMÓRIASDECURTOPRAZO Estruturas cerebrais mais recentes e ligadas ao processamento racional MEMÓRIA IMEDIATA MEMÓRIA DE TRABALHO SOBREVIVÊNCIA EMOÇÕES APRENDIZADO RACIONAL Figura 3 Esquema de transmissão de informações entre a memória imediata e a memória de trabalho Fonte: Adaptada de Sousa, (2001).