Revista da ESPM - STE-OUT_2011
s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 – R e v i s t a d a E S P M 39 em média, sete “coisas” em sua memória de trabalho. Além disso, o tempo de guarda des- sas informações é limitado e, para um adulto, normalmente está entre 10 e 20 minutos, depois dos quais o foco de atenção muda e a pessoa “se esquece” do assunto. E finalmente, depois de todos esses filtros e bloqueios, a informação chega à memória de longo prazo, instância na qual o aprendizado estará preservado virtualmente para toda a vida. A (Figura 4) detalha essa fase do processo. O esquema sugere que o sucesso dessa transferência depende fundamentalmen- te de três fatores: sentido, significado e o autoconceito da pessoa. O restante dessa sessão analisa, resumidamente, cada um desses fatores. O primeiro fator é o sentido, que se faz pre- sente quando uma informação nova é fácil e rapidamente compreensível. Ou seja, o sentido depende, em grande parte, da forma como o professor explica um determinado conceito. Todos nós admiramos a capacidade que determinadas pessoas têm para explicar os conceitos mais complexos de formas sim- ples e acessíveis. Essas pessoas conseguem fazer com que as informações façam sentido. Mas o aprendizado não depende somente do sentido. A nova informação deve possuir significado, que representa como a nova informação se encaixa no contexto das ex- periências anteriores da pessoa. Para Sousa, o significado é até mais importante do que o sentido e diz o autor que “[S]e os estudan- tes não encontrarem o significado de uma experiência de aprendizado, a chance de se lembrarem dela é muito pequena” (Sousa, Ibid., p. 49). Ajudar os alunos a encontrar significado em seu aprendizado é um desafio enorme para os professores, mas é funda- mental que ele seja encarado e superado se quisermos realmente ser bem-sucedidos nos nossos objetivos pedagógicos. Finalmente, os dois últimos compo- nentes do modelo de aprendizado são o sistema de crenças cognitivas e o autoconceito, ambos extrema- mente relevantes para a ocorrência de aprendizado real e a criação de memórias de longo prazo. O sistema de crenças cognitivas pode ser descrito e resumido como a visão que cada um tem do mundo ao seu redor. Essas crenças são particu- larmente importantes porque dire- cionam a forma como armazenamos e, posteriormente, reconstruímos nossas memórias. Hoje se considera que as memórias são reconstrutivas, em vez de reprodutivas. Isso signifi- ca que, a cada vez que relembramos um episódio, na verdade reconstruí mos esse episódio. Para o cientista britânico Sir Frederic Bartlett, que estuda o fenômeno da memória na primeira metade do século XX: Por muito tempo o com- ponente emocional tem sido descuidado na edu- cação institucionalizada. Contribuições recentes dosneurocientistasestão ajudandoaresolveressa deficiência, revelando a dimensão emocional do aprendizado. ( ( } A memória não é uma função completamente independente, in- teiramente distinta da visualiza- ção, da percepção, ou mesmo do pensamento construtivo, mas tem relações íntimas com todos eles... A memória de um evento reflete uma mistura de informações contidas nos traços específicos codificados no momento em que ele ocorreu, além de inferências baseadas em conhecimentos, expectativas, crenças e atitudes provenientes de outras fontes. ~ (Bartlett, 1932 )
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