Revista da ESPM - STE-OUT_2011
R e v i s t a d a E S P M – s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 40 Já o autoconceito atua no sentido de nos fazer crer que determinados aprendizados são mais fáceis ou mais difíceis, de que seremos ou não capazes de aprender e dominar determina- das tarefas e competências. O autoconceito é formado a partir das experiências vividas, de tal forma que “as pessoas irão participar proativamente de atividades nas quais foram bem-sucedidas no passado e evitar aquelas nas quais fracassaram” (Sousa, Ibid., p. 53). Essa visão foi estudada e ampliada por Carol Dweck no livro Midset: the new psychology of success , no qual a autora descreve uma diferença fundamental entre duas formas de encarar o próprio autodesenvolvimento: a crença segundo a qual nossas habilidades são inatas e, portanto, fixas, e a crença segundo a qual desenvolvemos nossas habilidades ao longo de toda a vida por meio de estudo e treinamento. As pessoas que acreditam nas habilidades inatas, segundo a autora, tendem a se intimidar frente a novos desafios, pois sentem que, se fracassarem, não podem fazer nada a respeito. Por outro lado, as pessoas que acreditam no crescimento se sentem motiva- das em superar obstáculos (Dweck, 2006). Conclusões O cérebro humano é um instrumento ma- ravilhoso e muito complexo. Ele vem sendo construído, ao longo da evolução da nossa espécie, como objetivo fundamental demanter vivo o seu dono. Para atingir esse objetivo, o processo evolutivo deu forma a um órgão cujo funcionamento prioriza determinados tipos de informação em detrimento de outras, menos relevantes do ponto de vista da sobrevivência. Por esse ponto de vista, se torna fácil entender por que as emoções são tão prioritárias para o cérebro: muitas delas, como medo, atração sexual, amor materno e paterno, são essenciais à sobrevivência do indivíduo e da espécie. Essapriorizaçãode informaçõesnoprocessamen- tocerebral temconsequênciasparaoaprendizado e este artigo defende a importância de se con- siderar as emoções no preparo de experiências formativas. Foi demonstrado que a formação das memórias de longo prazo no cérebro depende fundamentalmente do envolvimento emocional dos alunos com o aprendizado. Dessa forma, limitar a interação comos alunos ao plano racio- nal e eliminar o uso construtivo das emoções na sala de aula irão, inevitavelmente, limitar nosso sucesso como professores e tutores. Mary Helen Immordino-Yang e Matthias Fa- eth defendem que a produtiva utilização das emoções em sala pode ser potencializada de duas formas principais: procurar engajar os alunos no aprendizado por meio de atividades que solicitem a sua participação e gerenciar ativamente o ambiente social e emocional den tro da sala de aula. Para os autores, “[E] studantes somente se permitirão correr riscos e ex- perimentar insucessos se puderem fazê-lo em um ambiente de confiança e respeito” (Immordino-Yang & Faeth, 2010, Edição Kindle, Localização 1412-20). A neurociência é um termo que reúne as dis- ciplínas biológoicas que estudam o sistema nervoso, normal e patológico, especialmente a anatomia e a fisiologia do cérebro, inter-relacionando-as com a teoria da informação, semiótica e linguística, e demais disciplinas que explicam o comportamento, o processo de aprendizagem e cognição humana.
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